Saí do Elevado de Capoeiras ontem às 14h45min, sozinho, pois o único desocupado do grupo sou eu (ô, miséria!). Meu destino inicial era Armação, mas em cima da ponte eu me senti muito bem e resolvi fazer o último treino para encarar Urubici. Toquei pela Beira-Mar “Morte”, a pista mais técnica do hemisfério sul: piche, brita, pedra, buraco, desvios, máquinas e caçambas na revirada ciclovia. Na passarela do CIC eu me sentia um guri (o nariz escorrendo e tudo). Toquei para Sambaqui.
Na subida do Meimbipe tive medo de ser atropelado, pois não há acostamento e os ônibus e caminhões passam a 80 km/h, escalpelando a gente. Nesse ponto, o menor vacilo é morte na certa. Eu não gosto de morrer! Acho trágico! Então, pedalei o mais rápido que pude a “Cruel”, experimentando o câmbio novo, Alívio Shimano. Mas o câmbio dianteiro começou a dar problema e a “Cruel” embolava a corrente a cada dez pedaladas. A opção que tive foi subir o morro na coroa do meio e na terceira catraca de cima pra baixo. Foi aí que eu me despedi da “vovozinha”.
Contente por ter superado o morro numa marcha pesada, desci zunindo! Comecei a encontrar os atletas do Ironman no sentido contrário. Como eu estava a favor do vento, imprimia uma velocidade maior do que a deles, que me olhavam curiosos, tentando adivinhar meu ranking. Senti orgulho nesse momento, porque a “Cruel” adora descida com vento sul berrando na costas. Eu dizia: “É isso aí, menina, mostra pra esses caras como é que se faz!” E ela mostrou mesmo. Ao passar por um buraco, a “Cruel” pareceu dar um coice no ar e quase me jogou no chão. Então, eu disse: “Mais uma dessa e eu te jogo no primeiro esgoto que encontrar!” Acho que ela entendeu a conversa ao pé do ouvido, porque passou a se comportar como uma bike de competição.
Passei a toda pelo trevo de Sambaqui em direção a Jurerê Internacional, a fim de sentir o clima do Ironman. Pedalava a 30 km/h e me sentia muito bem, tanto, que não diminuía o ritmo nem nas subidas (o vento faz milagres). Satisfeito com meu desempenho (quem pedalava era o vento!) deixei os atletas do Ironman pra lá e toquei até Ingleses. Subi o único morro que dá acesso à praia na coroa do meio e na quarta catraca de cima para baixo. Depois foi só despencar, seguir a avenida e chegar à praia. Empolgado com o céu azul e com o vento amigo, toquei até Santinho. Cheguei às 16h40min. Só aí desci da bicicleta, pois as pernas estavam dormentes. Fiz um breve alongamento e retornei. Na praia dos Ingleses fui visitar uma amiga da adolescência, a “Nega”. Ela adora uma cerveja, o irmão toca cavaquinho e o pai, violão. A minha água havia acabado, então, para não fazer desfeita, aceitei um copinho da “marvada”. Outros copinhos vieram e como sou educado, aceitei com muito gosto. Gente, com muito gosto mesmo! Às 19h15min resolvi voltar, achando tudo muito engraçado. Foi aí que me lembrei de um velho amigo, Antônio, morador da Vargem Grande. Peguei o celular e disse a ele que estava chegando. Meia hora depois ele me recebia com uma cerveja na mesa e, para não fazer desfeita...
Achei que o relógio dele estava errado, pois não havíamos tomado nem doze latinhas e os ponteiros diziam meia-noite e meia. Tomei um banho e caí na cama. Às 05h:15min Antônio acordou, pois trabalha no centro e vai de ônibus. Cambaleando, lavei meu rosto, tomei meu Nescau, encarei um pão com manteiga e era eu de novo na estrada. Às 05h:45min a “Cruel” deixava Vargem Grande para trás. Mal havia começado a pedalar, avistei duas mulheres ao lado de um gol vermelho, parado no acostamento com o pisca-alerta ligado. Quando me viram, fizeram a pergunta que eu já imaginava: “Moço, você pode trocar o pneu pra gente?” O cérebro humano, às 05h:55min, não é o mesmo das 12h00min em diante. Nessa hora, o nosso bom-humor nem acordou! Por isso, respondi teatralmente: “Não posso, estou treinando para o Ironman!”
Quando cheguei no posto da polícia rodoviária, notei que o trânsito já estava bastante intenso. Então, entrei em Santo Antônio, atravessei a praça, dobrei para Cacupé e saí no Motel Milenium, ao lado no novo boliche. Dali, toquei até João Paulo e logo após o Hotel Maria do Mar a chuva caiu. Esperei a chuva parar mais de uma hora empoleirado num ponto de ônibus. Tremendo de frio, pedalei forte até a passarela. Nesse ponto a “Cruel” começou a comer novamente a corrente, uma fome de anéis e dedos. Foi aí que lembrei da Ciclo Bike, debaixo da passarela, ao lado de uma Agropecuária. O próprio dono da loja, Álvaro, fez o ajuste no câmbio. Parti para a aventura da ciclovia da Beira-Mar “Morte”. Uma garoa forte molhava meus ossos, a lama cobria minha roupa, mas uma alegria imensa tomava conta de mim por estar ali, não como um “caveira”, mas como um porquinho mesmo, chafurdando nessa roubada solitária!
Cheguei em casa parecendo um fuzileiro em pleno campo de batalha. A minha mãe, sempre curiosa, perguntou: “Que foi isso, rapaz, viesse de arrasto?”. Antes que o tijolo humano secasse, fui tomar um banho.
Prof. Charles.
Na subida do Meimbipe tive medo de ser atropelado, pois não há acostamento e os ônibus e caminhões passam a 80 km/h, escalpelando a gente. Nesse ponto, o menor vacilo é morte na certa. Eu não gosto de morrer! Acho trágico! Então, pedalei o mais rápido que pude a “Cruel”, experimentando o câmbio novo, Alívio Shimano. Mas o câmbio dianteiro começou a dar problema e a “Cruel” embolava a corrente a cada dez pedaladas. A opção que tive foi subir o morro na coroa do meio e na terceira catraca de cima pra baixo. Foi aí que eu me despedi da “vovozinha”.
Contente por ter superado o morro numa marcha pesada, desci zunindo! Comecei a encontrar os atletas do Ironman no sentido contrário. Como eu estava a favor do vento, imprimia uma velocidade maior do que a deles, que me olhavam curiosos, tentando adivinhar meu ranking. Senti orgulho nesse momento, porque a “Cruel” adora descida com vento sul berrando na costas. Eu dizia: “É isso aí, menina, mostra pra esses caras como é que se faz!” E ela mostrou mesmo. Ao passar por um buraco, a “Cruel” pareceu dar um coice no ar e quase me jogou no chão. Então, eu disse: “Mais uma dessa e eu te jogo no primeiro esgoto que encontrar!” Acho que ela entendeu a conversa ao pé do ouvido, porque passou a se comportar como uma bike de competição.
Passei a toda pelo trevo de Sambaqui em direção a Jurerê Internacional, a fim de sentir o clima do Ironman. Pedalava a 30 km/h e me sentia muito bem, tanto, que não diminuía o ritmo nem nas subidas (o vento faz milagres). Satisfeito com meu desempenho (quem pedalava era o vento!) deixei os atletas do Ironman pra lá e toquei até Ingleses. Subi o único morro que dá acesso à praia na coroa do meio e na quarta catraca de cima para baixo. Depois foi só despencar, seguir a avenida e chegar à praia. Empolgado com o céu azul e com o vento amigo, toquei até Santinho. Cheguei às 16h40min. Só aí desci da bicicleta, pois as pernas estavam dormentes. Fiz um breve alongamento e retornei. Na praia dos Ingleses fui visitar uma amiga da adolescência, a “Nega”. Ela adora uma cerveja, o irmão toca cavaquinho e o pai, violão. A minha água havia acabado, então, para não fazer desfeita, aceitei um copinho da “marvada”. Outros copinhos vieram e como sou educado, aceitei com muito gosto. Gente, com muito gosto mesmo! Às 19h15min resolvi voltar, achando tudo muito engraçado. Foi aí que me lembrei de um velho amigo, Antônio, morador da Vargem Grande. Peguei o celular e disse a ele que estava chegando. Meia hora depois ele me recebia com uma cerveja na mesa e, para não fazer desfeita...
Achei que o relógio dele estava errado, pois não havíamos tomado nem doze latinhas e os ponteiros diziam meia-noite e meia. Tomei um banho e caí na cama. Às 05h:15min Antônio acordou, pois trabalha no centro e vai de ônibus. Cambaleando, lavei meu rosto, tomei meu Nescau, encarei um pão com manteiga e era eu de novo na estrada. Às 05h:45min a “Cruel” deixava Vargem Grande para trás. Mal havia começado a pedalar, avistei duas mulheres ao lado de um gol vermelho, parado no acostamento com o pisca-alerta ligado. Quando me viram, fizeram a pergunta que eu já imaginava: “Moço, você pode trocar o pneu pra gente?” O cérebro humano, às 05h:55min, não é o mesmo das 12h00min em diante. Nessa hora, o nosso bom-humor nem acordou! Por isso, respondi teatralmente: “Não posso, estou treinando para o Ironman!”
Quando cheguei no posto da polícia rodoviária, notei que o trânsito já estava bastante intenso. Então, entrei em Santo Antônio, atravessei a praça, dobrei para Cacupé e saí no Motel Milenium, ao lado no novo boliche. Dali, toquei até João Paulo e logo após o Hotel Maria do Mar a chuva caiu. Esperei a chuva parar mais de uma hora empoleirado num ponto de ônibus. Tremendo de frio, pedalei forte até a passarela. Nesse ponto a “Cruel” começou a comer novamente a corrente, uma fome de anéis e dedos. Foi aí que lembrei da Ciclo Bike, debaixo da passarela, ao lado de uma Agropecuária. O próprio dono da loja, Álvaro, fez o ajuste no câmbio. Parti para a aventura da ciclovia da Beira-Mar “Morte”. Uma garoa forte molhava meus ossos, a lama cobria minha roupa, mas uma alegria imensa tomava conta de mim por estar ali, não como um “caveira”, mas como um porquinho mesmo, chafurdando nessa roubada solitária!
Cheguei em casa parecendo um fuzileiro em pleno campo de batalha. A minha mãe, sempre curiosa, perguntou: “Que foi isso, rapaz, viesse de arrasto?”. Antes que o tijolo humano secasse, fui tomar um banho.
Prof. Charles.
2 comentários:
Ótimo Relato! :)
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