quarta-feira, 30 de junho de 2010

De novo novamente


Além de experimentar a liberdade in natura, a alegria em estado bruto e a euforia para além dos músculos, todo ciclista desce as trilhas do tempo até chegar à floresta encantada da infância. Por isso, canta e dança em cima de sua bicicleta, fala bobagens desconexas, age por impulso e acha graça de tudo.

Ontem, quando Campinas ficou para trás, pedalávamos num grupo com cerca de 20 ciclistas. O ritmo médio tem a vantagem de alongar os quilômetros, diminuindo o tempo do passeio. Quem pedala na casa dos 28 km/h tem fôlego para conversar e rir bastante. Quem não consegue vai quietinho, controlando o batimento cardíaco, protegendo-se no vácuo da roda alheia.

Mergulhamos em direção a Coqueiros, passamos pelo Parque glamoroso desse bairro e alcançamos a ponte. Eu, o João e a Simara entramos juntos na ciclovia da Beiramar, a pista mais técnica do mundo. Nas proximidades do trapiche demos uma pequena parada para reagrupar. Então, pedalamos até a passarela do CIC, momento em que a lua começou a nos espiar por detrás dos montes. Tocamos direto pelo Córrego Grande até o pé do Morro da Lagoa para uma subida didática. O que o morro ensina? Ele reafirma a teoria de Darwin: mais fortes na ponta, lerdinhos no meio, mortinhos atrás.

A maldade que os mais fortes fazem com os mais fracos é formular perguntas que exigem respostas longas na subida dos morros: “Como você avalia o desempenho da seleção brasileira nas três últimas Copas?”; “Você consegue me dizer o nome das 43 praias de Floripa?”; “Afinal, o homem teve mesmo na lua?” A resposta vem num silêncio asmático, numa bronquite alérgica, num pianço profundo. Com os olhos esbugalhados pelo estertor, o moribundo deseja furar a jabulani, secar os mares e explodir o ônibus espacial! E deseja também que o interlocutor engula tantas vuvuzelas quanto for possível.


Chegamos ao mirante do Morro da Lagoa uivando, não pela lua, mas pelo esforço. Com morro e fome ninguém acostuma! Batemos algumas fotos e despencamos até o centrinho da Lagoa. Quem nunca despencou desse morro não sabe o que é o vento zumbindo na orelha, o pneu chiando alto, a adrenalina bombeando nas curvas fechadas, a velocidade aumentando, os olhos lacrimejando, Uhu!!! Uhuuuuu!!! “Legal bagarai!!!”, diria meu amigo Gean.

No centrinho da Lagoa nos hidratamos. Pediram Coca-Cola, entendi água. Pediram caviar, entenderam frango a passarinho e lá veio um cara com uma bandeja a nos oferecer iguarias bem na hora que estávamos vindo embora. Dizem que o Cássio chegou em casa, pegou o carro e voltou para receber a oferenda sozinho, mas acho que é invenção da galera.

Eu sempre achei mais fácil subir o Morro da Lagoa na volta do que na ida. Então subi numa boa. Mas eu ainda fico perplexo quando falta apenas uma curva para o topo e vejo o João, o Gustavo e o Rockfeller descerem novamente para resgatar os mortinhos. Os caras trabalham no Portal Turístico e no IML ao mesmo tempo!!!

Na descida de volta, um colega que esqueci o nome junto com João e Cássio aterrorizaram no morro! Os caveiras ultrapassaram um carro!! E o pior é que foram dois pela esquerda e um pela direita! Eu fui atrás do gol branco, no vácuo, torcendo para aquele meia roda não pisar no freio e estraçalhar meus dentes. E o João ainda foi tocando o terror num cara que despencou o morro de speed. O cara olhava pra trás e não entendia o que uma mountain bike estava fazendo colada em sua roda a quase 80 km/h!!! É que o Joãozinho é caveira, mané!!! E da próxima vez ele vai te atropelar!!!

Depois da descida, voltamos num ritmo bem confortável, com o filho da Cláudia chateado por ter perdido seus óculos no Mirante da Lagoa. Pô, era só pedir ao Cássio que ele subia lá e pegava o objeto. O cara é o rei da montanha! Reza a lenda que quando o Cássio era pequeno, a praia da Joaquina era a mais movimentada de Floripa. Então, quando ele tinha apenas três aninhos, seus pais tiravam sua Monark com aquelas duas rodinhas para equilibrar e ele zerava o percurso! E ia até a Joaquina com seu kichute, chupando pirulito e comendo paçoca.

É de novo novamente! Cássio zera o morro, João brinca com Lili, a ratazana mais limpinha da Beiramar, Petry sprinta nas retas, mestre Rinaldo agarra a lua (jabulani cósmica), Castilho prende a respiração e solta o sorriso, Rodrigo e Cláudia brincam com seus filhos, e “o mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência”...

Prof. Charles.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pedal de Águas Mornas


Olá, pessoal.

O Gaúcho (sem internet) me pediu para escrever algumas linhas do que aconteceu no pedal de Águas Mornas no último sábado. Então vamos lá:


Éramos 3 (Eu (Rockfeller), João e Gaúcho). Saímos da Ciclo Vil por volta das 15:15 de carro (o que mais parecia uma árvore de natal, com 3 bikes penduradas) em direção à Aguas Mornas. Chegamos no centrinho da cidade uns 20 minutos depois, logo tiramos as bikes do carro e seguimos em direção ao tão comentado percurso da prova que o Gaúcho havia dominado semanas atrás.


No início foi sossegado, fomos conversando, trocando idéias sobre bikes e tals (claro). Paramos para nos deliciar com algumas vergamotas no caminho e bater algumas fotos - estava tudo muito agradável até então. Alguns kilometros depois, podemos perceber que aquele trajeto não seria nada fácil, pelo menos pra mim (rsrsrs). Foram várias, várias mesmo, as vezes em que pensei: caramba! essa subida não termina? Logo depois eu podia perceber que a subida terminara, e outra já estava começando logo a seguir.


E seguimos assim, subindo, subindo, subindo, subindo, subindo, descendo, subindo mais e mais, subindo mais um pouco e depois descendo.


O esforço que se faz nesse percurso é muito compensador - as poucas descidas são alucinantes. Após algumas tantas subidas e algumas poucas descidas, eis que surge a escuridão, um breu total!


Mal podíamos ver as marcas do percurso. Conclusão: Nos perdemos, claro. Subimos, subimos, subimos, para então, dar de cara com um portão no topo do morro. Fazer o que? Voltar! Logo adiante pedimos por informações à um morador dalí, retornando assim para o trajeto correto. Essa bobeira nossa acrescentou 6 KM no total do percurso. Bacana, sem problemas. O João, com toda sua técnica e o Gaúcho com toda sua força, estavam bem e diziam: alguns KM a mais - dá nada! E eu, morto, já não conseguia falar muito. Seguimos com mais um morro (gigante), para depois descer uns 10 KM, e finalmente chegar à Águas Mornas e tomar aquela gelada no bar do vereador da cidade.


Saldo do passeio:

57 KM de muita adrenalina;

Amizades reforçadas;

Algumas vergamotas de graça,mas não tão doces (rsrs);

2 tombos (joelho ainda dói pra caramba);



3 bikes imundas, cobertas de lama;



2 bikers (João e Gaúcho) cansados e 1 (eu, claro) semi morto;

Sorrisão estampado na cara.

Vale ressaltar:

O companheirismo demonstrado pelo João e o Gaúcho. Foi incrível descobrir que aos meus 4.0 podia fazer amigos tão bacanas. Estou orgunhoso de mim mesmo por ter completado todo o percurso e por ter tido ao meu lado pessoas tão especiais. João, obrigado pelas dicas e pela força nas subidas ( o cara percebeu que eu estava morto e chegou a levar a minha bike por alguns metros ) valeu mesmo! Gaúcho, obrigado pelo incentivo constante e por aquele empurrão no fim do morro, tú é f..., cara! O conceito que tenho deste grupo não podia ser mais altivo e nobre.


Vale aqui um senso do que convém: Pessoal, vamos, cada vez mais, cuidar do nosso grupo, zelar pelas amizades nele conquistadas e dar todo o apoio e força para aqueles que se esforçam em nos presentear com esses passeios que não têm preço: João (e sua loja Ciclo Vil) e Rinaldo.

Um abraço a todos.

Rodrigo Rockfeller

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pedal para o Campeche


Ontem, antes do pedal, a Ciclo Vil estava bombando! Parecia uma loja nos tempos áureos do Paraguai, onde se podia comprar de tudo. Eu queria pagar o ingresso da festa junina, a Simone queria ver umas luvas, a Raquel via os preços das passagens, a Tereza não foi, o Rinaldo estava sem o siso, o pequeno Gabriel brincava de caminhãozinho, a Cláudia buzinava sua “joaninha”, o Ricardo vestiu um pijama preto e eu pedi uma calcinha rosa para a Sirlene, mas estava em falta.

O movimento era tanto que houve certa dificuldade para sairmos da loja com nossas bicicletas. Rodrigo, Claudinha e Castilho exibiam suas máquinas novas. Aline estava feliz com a revisão que fez em sua bike. Eu havia limpado a “Cruel” e lubrificado a corrente com um óleo de quinta categoria, mas a bichinha tava querendo andar lá na frente! Os Kaveiras Nando, Elyandro, Gustavo e Sandro também estavam presentes, sinal de que o passeio seria veloz.

Assim que saímos da Ciclo Vil, desembocamos na Presidente Kennedy e cruzamos a ponte Rio Araújo, deixando São José para trás. Em frente a Tramontina encontramos Marquinho e sua gangue de Capoeiras, todos a fim de um pedal mais forte. Contei 36 cabeças que enfileiradas lembravam um cordão de luzinhas natalinas. Na subida da Ponte, Papai Noel derrubou Castilho, que não ouviu os sininhos das renas apressadas. Não dá nada, o espírito mountain bike é um estilo meio Papa: tem que beijar o chão!

Em frente ao tratamento de esgoto eu estava me sentindo um bosta, por isso resolvi extravasar tudo o que sentia num sprint até a subida da Prainha. Acho que o Cássio também queria extravasar, pois veio colado em mim. Da Prainha até a entrada da Ciclovia Sul, azulamos o cubo! João exibia orgulhoso a tecnologia usada para a segurança do grupo. Por rádio intimou Petry a ser o noivo na festa junina. Petry se esquivou daqui e dali, mas acho que irá aceitar, tudo é uma questão de uns tragos a mais de quentão.

Na relargada, Raquel Maravilha viu sua corrente fugir da coroa e tivemos que parar para socorrê-la. Então fui trocando uma ideia com Simara, Adi e Simone até a passarela que marca o fim da ciclovia. Daí fomos em bando até o Rio Tavares, com João gritando para a gente pedalar mais devagar, pois alguns colegas não estavam conseguindo nos acompanhar. Esse é um trecho perigoso, pois os carros passam colados em nossos guidões e qualquer cochilo é pacote na certa. No trevo que dá acesso à Lagoa da Conceição (Posto Galo), os Kaveiras avisaram que queriam chacoalhar seus ossos e voaram até o Morro das Pedras. O resto do grupo, os “pelancas”, partiu para a Praia do Campeche, dominando a ciclovia. Eu e o Luciano ultrapassamos o João e a Simara e íamos nos aproximando da velocidade da luz quando um mané apontou o bico do carro, invadindo a ciclovia. Cumprimentamos a mãe dele aos gritos. Como todos desejavam saudar a mãe do mané, ele se mandou, porque um ciclista sozinho não é nada, mas em bando fica tudo machinho, todo mundo luta vale-tudo. Contudo, se juntar nossas artes marciais, a única coisa que batemos é em retirada! Simbooooora cambaaaaada!!!

Chegamos à beira do mar do Campeche acompanhados novamente por Papai Noel, que presenteou Karol com um lindo pacotão! “Tás bem, nega?!” Karol trançou as pernas na roda dianteira como se tivesse dançando um tango (ou como se tivesse agarrando um orangotango?). Com dificuldade tiramos a Miss Pedal Continente do sufoco. Depois, eu e o Marquinho explicamos didaticamente para o Ricardo o porquê de as meninas irem ao banheiro com mais frequência que os meninos. Não entendemos de anatomia, mas o papo resultou numa boa piada.

Na volta os Kaveiras se agruparam novamente aos pelancas e, completo, o corpo tocou para casa. A turma está pedalando muito forte, furando sinal, dando sprints, forçando nas subidas e zunindo morro abaixo. Ninguém quer ficar para trás! Nem mesmo Papai Noel, que já estava indo embora, mas viu o sapatinho na janela do quintal do amigo Rodrigo e deixou mais um pacotinho na sinaleira da Prainha. Então, invadimos a ponte, passamos pela festa no Parque de Coqueiros, dobramos à direita após a lombada eletrônica e, após passarmos por debaixo do viaduto, pegamos à esquerda e passamos em frente da Dígitros. Daí, alcançamos o elevado de Capoeiras, onde eu, Ricardo, Elyandro e Alessandra nos separamos do grupo, que tocou para onde tudo começou.

Foi um pedal nervoso com vários trechos liberados para sprints. Em todas as paradas era visível a adrenalina pulsando nos olhos esbugalhados da galera. Do jeito que a coisa está indo, argumenta Petry, é muito possível que em pouco tempo haja pedal todos os dias, porque o tempo não para e a gente tá na pilha. “Eu tô ligado nessa matilha noturna, onde cada canino morde a própria vida!” Adoro essa espécie!

Prof. Charles.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nando Karam é o cara!!!


Tanto nos palcos como nas pistas, Nando Karam é um artista pra lá de radical! À noite ele é pop star, de dia a mountain bike é o lugar onde ele costuma brilhar. Essa estrela chamada Nando integra a constelação chamada Pedal Continente. Não se trata de um grupo de competição. Somos, na essência, um grupo de curtição. Contudo, se o papo for sobre lama, embalados por muita Skol e muita Brahma, o pódio é nosso lugar.

Quando os ciclistas partiram às 08h44min., tínhamos certeza de que o nosso Nando era uma laranja que não iria amarelar. Bem preparado e com uma musculatura formada apenas por exercícios físicos, Nando é uma explosão que não toma “bomba”. A força desse sagitariano típico vem de uma alimentação saudável, do amor pela vida e de sua apaixonante torcida! Rinaldo e João são os mais entusiastas e sempre apostaram no talento do menino. Elyandro, Rodrigo, Gustavo, Simara, Fernanda, Alessandra, Raquel e eu também estávamos lá para conferir o desempenho do nosso talentoso amigo.


E não deu outra! Depois de encarar mais de duas horas e meia de prova, rodar 50 km, despencar de uma ribanceira a 58.9 km/h, uma camisa laranja veio se aproximando velozmente da linha de chegada com um sorriso de plena satisfação. Foi informado por mim e por Rinaldo da sua colocação na prova e vibrou feliz com o resultado: segundo colocado! Ele deixou para trás atletas fortíssimos que treinam duro todos os dias e há muitos anos. Deixou para trás os “bombados”, os favoritos, os mais bem equipados, os obstáculos e os sacrifícios e deu seu grito: “Quem pódio, pódio. Quem não pódio se fódio!


Parabéns Nando! Você foi o nome da corrida! Você é o cara! Curta muito essa vitória! Ela é sua, nossa e de todo grupo de amigos que você soube conquistar! E nosso muito obrigado por estampar no pódio com muito orgulho nossa camisa vitoriosa!!! Um abraço de corrente de cada elo da nossa família de bikers! Sucesso! Você merece!!!

Prof. Charles.

domingo, 13 de junho de 2010

Caveira laranja no pódio!!!


Salve Pedal Continente,


Quero aproveitar o ensejo para agradecer ao nossos amigos Rinaldo Show de Bola da Rocha e ao João e toda galera do pedal continente que me deram um baita incentivo e assistência técnica e emocional pra corrida de hoje.


A corrida foi extremamente desgastante e intensa. Na largada todos foram num ritmo tranquilo os primeiros 5km, quando começava a estrada de chão batido. E numa pontezinha a direita quase passo batido. O pessoal da organização apontava uma seta p direita aos que fossem fazer o percurso de 50km e pra esquerda o de 44km. Logo depois já veio o primeiro morro duma série que não parou mais de surgir até uns 25km percorridos. Muito barro e pedra nas subidas que derrapavam os pneus e mal saia do lugar. A esta altura lembrei que tinha pernas que andam bem no chão e empurrei a bike em alguns trechos bem críticos. Chega uma hora que a musculatura parece q entra em transe e começa a se acostumar de certa forma com aquele ritmo. Não adiantava nada eu me afobar de saída sabendo q o percurso quase todo ia ser assim.



Da metade dessa primeira "morreba" até o topo (uma vista maravilhosa, por sinal) estava lado a lado com o terceiro colocado da minha categoria (sub-30). Quando despencou uns 10km sem parar e acelerando forte, a bike quicando nas canaletas e pedras do caminho: sinal da cruz esquece q tem freio que pra baixo todo santo ajuda. É renovador e totalmente adrenalizante!!! No final do despencadeiro não avistava mais o 3º colocado. A segunda morreba veio pra fazer muita gente pensar "PQP, mas o queeeeeeee que eu to fazendo aqui?!?!?!! "


Após uma árdua guerra de pensamentos internos de persistência e superação, eis que vem o segundo despencadeiro. Aquilo foi uma das coisas mais lindas de viver. Passei mais uns 2 nesse entremeio todo (que não eram da minha categoria) . Quando cheguei na parte asfaltada e sabia q faltavam apenas uns 5km. Ao dobrar a última curva vi a galera gritando "vem um laranjinha lá!" "é o gaúcho!!!" "É segundo!!!" "Caveiraaaaaaa!!!!". Putz!!!! O pedal continente é foda mesmo!!! Com o perdão da expressão!



Baita festa, uma geladinha depois de uma melancia que reidratou muito bem.

Encerramos a aventura comendo muuuuuito, como de praxe!!!

Obrigado Rinaldo, Elyandro, João e todos do Pedal Continente!!! O dia de hoje foi inesquecível graças a vocês!!!!

E aguardo a caveirada de plantão a afiar a faca na caveira e vir conosco pros pedais de quinta. Tem sido excelentes treinos!!!


Um baita abraço e até o próximo pedal!!!!

Leandro Karam

Capoeiras-Açores com um morro no meio


A previsão do tempo dizia sol e eu só queria pedalar. Convidei vários amigos para uns oitenta e tantos km, mas era dia dos namorados e “minha alma geme por você”, aquelas coisas. Então, antes de o sol abrir suas pálpebras fumegantes, pão com manteiga, duas bananas, água, Hipoglós e um alongamento mal feito, misto de expectativa e preguiça.
No local combinado, ninguém. O céu pigarreava uns cinzas vulcânicos lá pelas bandas do Cambirela. Mas, olhando para o “pedacinho de terra perdido no mar” tudo era azul. Saí às 7h em ponto. No trapiche da Beira-Mar resgatei Tereza, nossa querida amiga. Ela estava empacotada com uma blusa de lã preta por debaixo da jaqueta e por um momento pensei no Alasca. Desci da bicicleta para abraçá-la, porque se não abraço meus amigos o dia não amanhece. Agora, sim, o dia era amarelo, elo por elo.


Fomos numa fofoca de “agora tu vê” e “deixa eu te contar” até o pé do Morro da Lagoa. Quando alcançamos o joelho da morreba, Tereza disse: “pode ir que eu te encontro lá em cima”. Eu fui tartarugando contra a gravidade até os olhos azuis desse “moço”. Com morro e dor ninguém acostuma! Cheguei meio desfalecido lá pelas 8h. Dois minutos depois chegou Tereza. Água e foto e “vamo-nos embora?!”


Você já foi à Lagoa, nega, não? Então, vá! Basta despencar! Então, vá! E pode gritar! Então, vá! Deixe se levar! Então, vá! Não vá se esborrachar! Então, vá!!! O asfalto estava molhado e tive que frear com muito cuidado para não cair dos cotovelos verdejantes do paraíso. Era preciso cautela, um desafio pra mim, uma alegria pra ela. Tereza sabe pilotar e é veloz! Entramos juntos no centrinho da Lagoa, passamos pela ponte das Rendeiras e Osni Ortiga no olho dos outros é brincadeira! Apertei o ritmo para 35 km e mantive até que a Lagoa ficasse pra trás, com Tereza colada em minha roda. Subi a primeira ladeira, desci. Subi a segunda, desci. No Rio Tavares, em frente à igrejinha de pedra, notei que Tereza havia ficado, pois sua corrente não entendeu a troca de marchas e desabrochou como a chumbada de uma tarrafa desenhando uma rosa no ar. Não colhi o botão da cena. Por isso, esperei pelo perfume na entrada da Lagoinha do Campeche, enquanto enchia os frascos vazios das minhas células animadas.


Na praia do Campeche o bicho pegou por dentro. Depois do asfalto veio um trecho de barro, um de lajota e novamente asfalto até o Morro das Pedras. Na reta da Lagoa do Peri descemos a marcha, vento a favor, picos de 40 km e Tereza na roda! Passamos pelo trevo da Armação e tocamos forte até o Pântano do Sul. Então, foi só dobrar à direita e éramos o recheio entre o pasto e o mar! Quando acaba a avenida dos Açores começa um trecho de lajota que leva à Costa de Dentro. Aí tem uma faixa de pedestre que marca nossa chegada: 09h:30min Gosto de encerrar essa parte num sprint, que é pra minha cabeça de menino dizer pro corpo que envelhece: “Se não aguenta, por que veio, peste?!” Tereza Também fez seu sprint. Depois tocamos até a Praia dos Açores, que é simplesmente linda! E de tanta foto e alongamentos, a fome bateu, o que me fez entrar num mercadinho, almoçar três barras de cereal e pedir cinco bananas de sobremesa!

Voltamos com um vento contra que às vezes vinha em pequenas rajadas, dificultando o pedal. Por isso, decidimos voltar pela Costeira. Antes do trevo do Campeche encontramos o trânsito parado. Sinto uma certa perversão quando isso acontece, pois ao ultrapassar com minha bicicleta BMWs, Mercedes e Ferraris, observo os olhares emputecidos dos motoristas, indignados com a relação custo-benefício.


Na Ciclovia Sul, acatei a sugestão de Tereza e fomos descansar no primeiro trapiche em frente aos ranchos de pescadores. Pedalamos sobre o trapiche de madeira de quase 100 metros de comprimento. Voltamos às fofocas do “isso é pa tu vez”, “caldique”, “sei que lá, sei que lá, sei que lá”... Ao meio-dia nos despedimos na cabeceira da Ponte, ela, alegre como uma ilha, eu, feliz feito um continente.

Prof. Charles

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Pedal Caveira!!!



Era o frio que de início já causava receio e se apresentava como pior desafio do pedal de ontem. Partimos eu, Fábio, Elyandro e Luciano da Ciclo Vil. Na cabeceira da ponte o Luciano sentiu os joelhos dizerem que iam incomodar se ele pegasse pesado e resolveu ouvir os conselhos do seu organismo, fazendo um pedal mais light até o Córrego Grande. Quase no Santa Mônica decidimos mudar o percurso para enfatizar o treino de resistência, sem desgastar demais com os "morrinhos da lagoa e barra", ida e volta. Resolvemos retornar um pouco e seguir para o norte da ilha até Santo Antônio. A necessidade de aquecer o corpo com um bom esforço era fundamental pra compensar a friaaca que tava em algumas partes. O Fábio, sem pedalar há uma semana, tava com energia acumulada e deu trabalho pros companheiros, contribuindo bastante pro bom nível do treino!!! Elyandro ainda um pouco "amolado" da gripe deu um baile no vírus. Tens que participar da corrida domingo, a propósito, o Fábio também, ta num rip muito bom. Tão "tudo" se fazendo.... heheh


Em João Paulo ainda encontramos a galera do pedal das meninas e paramos um pouco pra conversar. Mas como estava muito frio e tínhamos o propósito de fazer uma quilometragem boa num ritmo mais intenso, nos despedimos e tocamos acaveiradamente até o início do cross country da beira mar norte, onde o negócio é ir de boa, bater um papo e descontrair até o Kobrasol.

Não sei exatamente a distância que foi,pois estava sem o velocímetro. Mas deve ter sido 65km, aproximadamente. Saímos as 20:15 e retornamos as 22:30.

CONVIDO A CAVEIRADA QUE TA COM MEDO DO FRIO A SAIR DA ÓCA E PEDALAR CONOSCO NO PRÓXIMO PEDAL CAVEIRA NAS QUINTAS FEIRAS, UM BOM TREINO PRA QUEM GOSTA DE PEDALAR FORTE.

Um forte abraço,

Leandro Karam.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Corrida Maluca!!!


Ontem, em frente a Ciclo Vil, um curioso grid de largada se fez. Para que se possa compreender a habilidade de cada piloto é preciso identificar o carro que pilotam e a personalidade de cada um. Vejamos, pois, quem é quem:

Carro 00 ( a Máquina do Mal) – Dick Vigarista e Muttley.

Carro 01 (Carro de Pedra) – Irmãos Rocha

Carro 02 (Cupê Mal-Assombrado – Irmãos Pavor.

Carro 03 (Carro Cruel Cheio de Truques) – Professor Aéreo

Carro 04 (Carro Voador) – Barão Vermelho.

Carro 05 (Barney Compact) – Penélope Charmosa.

Carro 06 (Carro Tanque) – Sargento Bombarda.

Carro 07 (Carro a Prova de Balas) – Quadrilha de Morte.

Carro 08 (Carroça a Vapor) – Tio Tomás.

Carro 09 (Carrão Aerodinâmico) – Peter Perfeito.

Carro 10 (Carro Tronco) – Rufus Lenhador.

Carro 11 (Carro Quebra-Quebra) – Rubinha Barrichella.

Carro 12(Carro Família) – Bob Pai e Bop Filho

Carro 13 (Carro Tour) – Hardy.

Carro 14 (Carro Guincho) – Lippy The Lion.

Carro 15 (Carro Apito) – Bob Esponja

Carro 16 (Carro Xixi) – As meninas Superpoderosas

Carro 17 (Carro Anfíbio) – Mr. Magoo



Antes de pisar fundo, o Carro Apito anuncia a largada: Aaaaaap! Aaaaaap! Aaaaaap! As máquinas partem, repartem e se partem. Logo na subida da Marginal 101 um telefonema do box tira Rubinha Barrichella da corrida. O motivo todo mundo já conhece: é problema hidráulico, é o motor que aquece! Sempre atrás do pelotão (é a Rubinha!).



A corrida prossegue sem a Rubinha. Após atravessarem a magnífica avenida do bairro Pagani ocorre a quebra do câmbio de Hardy. Lippy the Lion decide tirar o amigo dessa enrascada. Com o auxílio de uma câmera de bicicleta, reboca a hiena azarada, que vai resmungando pelo caminho: “Oh, dia! Oh, azar! Eu sabia que não ia dar certo!!”

Desfalcada de três pilotos, a corrida atinge o pé da montanha que levará os loucos à Colônia Santana. No início, todos sobem colados, disputando cada centímetro de pista. Mas o Dick Vigarista anda muito quieto, discreto, o que estará aprontando?! Um Muttley mostra seus dentes afiados de dentro do cercado de uma casa simples. Outros Muttleys aparecem, ameaçando morder os competidores.

No primeiro pelotão vão Peter Perfeito e a namorada Penélope Charmosa, ambos se alimentando de gel energético sabor chocolate. Ela consegue transpirar na subida sem borrar a maquiagem, enquanto ele vai empinando o topete morro acima. Atrás deles seguem os Irmãos Pavor, que lutam para não perderem a posição para o Barão Vermelho, nem para o Tio Tomás, que briga curva a curva com o Rufus Lenhador e o incrível Mr Magoo. Bop Filho está bem colocado, mas perde tempo olhando pra trás, procurando por Bop Pai.

No pelotão intermediário vem o Professor Aéreo com seu famoso Carro Cruel Cheio de Truques e a Quadrilha de Morte. Mais atrás vem o Carro Apito, acompanhado do Bop Pai, das Meninas Superpoderosas, do Sargento Bombarda e dos Irmãos Rocha. Uma das Meninas Superpoderosas cai clipada, e sente o gosto da terra da montanha. A subida é forte, exige fôlego, concentração, persistência,
garra!


Finalmente, os carros alcançam o pico da loucura, a pia pinga, o pinto pia e isso dá uma vontade danada de as Meninas Superpoderosas fazerem xixi! “Tá brilhando!” Quando os Irmãos Rocha chegam ao topo, é hora de descer a morreba esburacada e cheia de surpresas. O Professor Aéreo é o primeiro a ligar o motor e despencar morro abaixo. Peter Perfeito e Penélope Charmosa soltam os freios. Barão Vermelho desce veloz, deixando um rastro de fumaça para trás. Todos aceleram. De repente, Mr. Magoo encontra uma ponte e sai do trilho. Numa manobra desesperada, procura voltar, mas Dick Vigarista havia passado óleo em suas rodas e Mr. Magoo mergulha de cabeça no rio. Terror e suspense toma conta da corrida. Com o carro madrinha na pista, os pilotos aguardam o resgate de Mr. Magoo, que vai emergindo aos poucos das profundezas do rio. Apesar do susto, nada de grave aconteceu. Os Irmãos Rochas não perdoam: “Trouxe sabonete, Magoo?!”

Rufus Lenhador orienta o Professor Aéreo a descer com a coroa maior engrenada, pois isso protege melhor o câmbio. Sargento Bombarda vai animado e não erra o caminho, pois na mira do bigode todo homem se segura. Bob Esponja vai dando uns sprints pela estrada afora, poderosas fugas na noite escura. Barão Vermelho estica e a corrida toda se agita num sobe e desce hermafrodita! Quem é que vai cruzar a fita?!

Afoitos, os Irmãos Rocha resvalam num paralelepípedo e não cair fica difícil. Perna ralada, máquina arranhada. Mas numa corrida amalucada vale todo sacrifício e toma lá nova largada! No trevo de Forquilhinhas um ônibus espreme Bob Pai e o coloca pra fora da pista. Isso já é demais! Todos protestam e querem bater uma foto do motorista de ônibus para a manchete de jornal: “Ciclista na pista, paz no trânsito!” Mas Bop Pai diz que o motorista do ônibus não foi o culpado e sim o do corça, que se mandou.

Desabar daquele morro e pegar a ciclovia foi a última alegria da corrida. Não houve prêmio porque o Dick Vigarista se mandou com a grana para o primeiro cachorro quente do Kobrasol. Mas a vitória, daqui em diante, será de quem for capaz de acompanhar de perto a Penélope Charmosa, que a cada dia está mais veloz e menos rosa! Meninos, por favor, não desbotem seus azuis! E agora eu já acho que não tô falando coisa com coisa. Depois de uma corrida maluca a gente não bate mais direito da cuca. E por isso mesmo, ninguém tem culpa!

Prof. Charles.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Imagem do pedal à Baía dos Golfinhos


Hoje, por volta das 07h15min, uma família de golfinhos saiu para brincar nas ondas de Governador Celso Ramos.

O ouriço amarelo boiava no espaço com seus espinhos luminosos despertando as cores do planeta.

Quando mergulharam na BR 101, a temperatura ainda era baixa, perto dos 13°. Suas nadadeiras de duas rodas giravam a 20 km/h.

Assim que deixaram a BR nadaram à direita, saltando felizes sobre as ondas da Caieira do Norte.


Daí seguiram contemplando a paisagem da Praia do Antenor, passando em seguida pela histórica Ilha de Anhatomirim.

Simara Atômica curtindo o pedal.

Jairo de bem com a vida.

Prof. Charles e Izoel, lado a lado numa filosofia matinal.

Izoel, um aniversariante pra lá de radical!

Mestre Rinaldo espalhando alegria pelo caminho.

Nadando por estradas azuis...

Onde houver cheiro de bosta de vaca no ar, é lá que vou morar!


Praia do Antenor

Praia do Antenor

Degraus do paraíso!

Prof. Charles, Izoel, Sandro e Mestre Rinaldo.

Chegada à Baía dos Golfinhos.

O bolo de 45! Viva Izoel!!!

Pensamentos gordos na Padaria de delícias.

Ele é chic, meu bem!

Mestre Rinaldo encantado com uma bicicleta antiga.

Fazenda da Armação

Fazenda da Armação

Fazenda da Armação

João, o exterminador do futuro!

Sandro e Mestre Rinaldo: bike, sombra e água fresca.

Izoel e João, pedal forte!

Prof. Charles e a "Tiazinha" do Restaurante do Fedo.

Casal alto astral!

- João, o pedal de hoje foi irado!
- Pô, Rinaldo, pedalzaço!
- Tô pensando em elevar ainda mais o nível da galera...
- Tipo?...
- Garopaba.
- Pô, Rinaldo, se meter pilha a galera encara na boa!
- Então já é!
- E a mulherada vai em peso, porque tão pedalando muito!
- É verdade, tão tudo umas Simarinhas!

SIMBOOOOORA CAMBAAAADAAAAAA!!!!!!!!!!!