Quando uma legião de anjos resolve subir aos céus de bicicleta, não se deve pensar em milagre, mas em diversão. E quando os anjos trocam as asas por pedais, não se deve exclamar “Que roubada!”, e sim fazer uso da força motivadora da superação: “Se não aguenta, por que veio, meu pombo branco de duas rodas?!”
Desde a saída, quando os 38 anjos foram engaiolados dentro dum ônibus, a alegria celestial azulava as expectativas de cada coração. Os anjos mais baderneiros empoleiraram-se na “cozinha” a fim de sugarem o sangue de um pobre Cavalo Branco. O primo do animal, conhecido por Velho Barreiro, protestou contra o sacrifício, mas acabou tendo o próprio sangue sorvido pelos mensageiros de Deus.
Esses seres espirituais, quando bebem, costumam cantar. Então, um anjo chamado Nando pegou seu violão e mandou logo uma sequência de reggae, num swing alucinante. Os anjos, garnisés alados, se depenavam cantando. Alguns até arriscavam uns passos de dança, mas num espaço apertado nem mesmo um anjo embalança.
Quando o ônibus parou diante do Pombal Park, em Urubici, foi aquela revoada ansiosa, onde é que vou ficar, com quem é que vou dormir, o que tem para comer, é só seguir por aqui?! Metade foi para o check-in, metade foi para o xixi. Bexigas, sobretudo a das anjas, não sabem esperar.
Após um breve reconhecimento do poleiro, todos correram para o comedouro, onde calaram o bico e encheram o papo com um delicioso entrevero. Mal haviam acabado a sobremesa, um anjo poeta presenteou os amigos com seu livro apimentado, para que se corrija a maldade divina que continua impedindo esses seres de roçarem suas penas íntimas. Não se sabe o efeito do presente, ainda. O que se pode afirmar é que todos acordaram envoltos numa contradição misteriosa: cansados e dispostos.
Com o tempo nublado, os seres alados deram início à aproximação da base do Morro da Igreja, a estrada que os levaria aos céus. Não há espetáculo mais colorido do que uma nuvem feita de bicicletas angelicais. As camisas tremulantes dos anjos, arcanjos, querubins e serafins, formam o mosaico delicado da vida, onde cada um contribui com o que tem de mais valioso: a amizade. A aquarela desse instante vai se transformando numa poderosa metáfora, formada pela beleza dos signos: são pneus que trovejam nos cascalhos; pedais que se perdem em remoinhos; guidões que assumem o destino; musculaturas que sonham em voar...
Antes do voo, porém, os anjos visitaram uma gruta religiosa, onde a reza lacrimosa de uma pequena cascata alcança há séculos a graça sublime de um açude virgem. Ali os anjos congelaram o tempo em inúmeras fotografias, para que no futuro possam refrescar a memória com esse momento de ternura.
De volta às bicicletas, os anjos partiram para o destino final: o céu miraculoso, morada de nosso Senhor. Não demorou muito para que chegassem ao início do asfalto e reagrupassem novamente. Aí, o querubim Maurício pediu que cada um pedalasse no seu ritmo, sem pressa, pois o objetivo era chegar aos céus. “Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que ficar a sós/ Tenho que apagar a luz/ Tenho que calar a voz”...
As correntes giraram com fé e foram subindo. No primeiro momento, os anjos subiam juntos. Depois, em pequenos grupos até, finalmente, se virem sozinhos. O desafio da montanha é semelhante ao desafio da vida, onde, dependendo da ocasião, ora as pessoas se encontram rodeadas de amigos, ora com poucos, ora sem ninguém. Mas a solidão é sábia. Enquanto escalavam a montanha, muitos anjos tomavam longas lições de autoconhecimento. Uns aprendiam a respirar, outros a se alimentar. Uns se perdoavam, outros se culpavam. Uns decidiam ser mais exigentes consigo, outros compreendiam que era desnecessário o rigor excessivo com os outros. Tal aprendizagem provocava imensa dor, dilacerando os anjos da alma aos músculos. “Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que aceitar a dor/ Tenho que comer o pão/ Que o diabo amassou”...
Os primeiros três quilômetros foram extenuantes. Em momento algum a geografia deu trégua! A bicicleta começava pesando algo em torno de 15 kg e a cada curva íngreme dobrava o peso. As coxas e as panturrilhas queimavam, as costas davam sinais de não suportarem tal suplício, mas quem quer chagar aos céus não mede esforços. Os anjos, sempre que podiam, ajudavam-se na subida. Os querubins Maurício, Brinquinho, Nando, Elyandro, Izoel e a Fadinha Simara despencavam da montanha abaixo para incentivar anjos e anjas a continuarem subindo. Mas a rampa inclinada que fecha o primeiro trecho fez com que alguns desistissem.
Do Km 3, as criaturas celestiais pedalaram até a Cascata Véu de Noiva, onde foram recepcionadas com aplausos, fotografias, bananas e bergamotas pelo coro de anjos que não subiu o morro pedalando. Depois que todos chegaram e se alimentaram, a ordem foi descer até a cascata para conferir a fama daquele lugar. Depois de beber quentão, chaga-se a conclusão de que ali a natureza se casou, pois de seu véu aquático ainda escorre uma espuma apaixonante!
Deslumbrados com os vestígios daquele matrimônio ecológico, vinte bicicletas se sentiram estimuladas a flutuar, enquanto os anjos diziam: “Glória a Deus nas alturas!” A música de Gilberto Gil ecoava pelo caminho: “Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que me aventurar/ Tenho que subir aos céus/ Sem cordas pra segurar/ Tenho que dizer adeus/ Dar as costas, caminhar/ Decidido, pela estrada/ Que ao findar vai dar em nada, nada, nada, nada, nada/ Do que eu pensava encontrar!”
Depois de mil metros de altitude as coisas começam a mudar. As nuvens chegam, a temperatura cai, o corpo treme de frio e cansaço. “Tem dias que tudo no céu é pura cinza”. Era nisso que os anjos pensavam quando uma lufada forte de vento ameaçava lançá-los do alto do penhasco. A geografia dissimulava com pequenas descidas paredes incríveis de asfalto, o que exigia dos anjos, além de determinação divina, muita concentração e esforço. “Pai nosso que estais no céu...”
Finalmente os anjos leram numa placa: “Portão fechado a 500 metros”. E logo em seguida, outra placa: “Portão fechado a 200 metros”. Mas para a alegria geral, os portões do céu estavam abertos! Então vamos lá! Uma descida violenta convida as bicicletas a fazerem um downhill no céu. Mas “Deus é um cara gozador, adora brincadeira” e coloca mais uma ladeira antes de receber seus anjos. Maurício, o querubim que mais incentivou o grupo na subida, vem gritando atrás de mim: “Charles, tu estás de parabéns! É emocionante te ver aqui!” E eu respondo ao nosso capitão com um grito infernal que ecoará dentro de mim durante muitas gerações: “Aaaaaaaahhh!!!!!!!!!! Aaaaaaaaahhh!!!!!!!!!!! Eu conseguiiiiiiiiii!!!!!!!”
O carro do fotógrafo espacial Marcelo estava de plantão, registrando tudo o que acontecia a 1828 metros de altitude! Um frio de 3º negativos trincava os ossos dos anjos esfarrapados. Por mais quente que fosse a emoção de estar ali, depois de cinco minutos não se podia impedir o congelamento daquela alegria. Por isso, os que ali chegaram, partiram em direção a quentura do solo terrestre.
A descida reservava várias subidas e isso só quem esteve no céu pode confirmar. Descer é um fenômeno que sobe! No tobogã de Deus, a inteligência dos anjos escorrega displicentemente. Por isso é preciso, além de muita coragem, atenção redobrada, porque depois de embalar fica difícil contornar as curvas anguladas. Mesmo com o vento zumbindo em minha orelha, posso afirmar que ouvi muitas vozes enquanto descia. Às vezes ouvia meu nome, outras vezes não conseguia identificar a língua dos anjos que moram no céu. “Ainda que eu falasse a língua dos homens/ E falasse a língua dos anjos/ Sem amor, eu nada seria...”
Assim que comecei a descer, vi o anjo Izoel acompanhar Raquel Maravilha até a casa de Deus. O anjo Izoel é dono de virtudes invejáveis! Pedalar ao seu lado foi, é e será sempre motivo de orgulho a toda falange. Onde houver ferimento, ele cura; quando alguém se perder, ele encontra; enquanto restar uma lágrima, ele enxuga; se um anjo atrasar, ele espera. O anjo Izoel não é Papai Noel, porque ele se faz muito mais que presente: é preciso, exato, na medida certa de nossas necessidades urgentes.
De volta ao Pombal Park, só se falava da Casa de Deus, que os urubicienses apelidaram de Morro da Igreja. Igreja lembra vinho, que lembra pizza, que em Urubici implica viajar a pé por quase uma hora até encontrar um forno a lenha capaz de assar rodelas de massa para 38 anjos famintos. Depois de rodopiarem no rodízio de pizza, um anjo chamado Polho desfiou um bem-me-quer, embora ninguém o tenha querido. Na volta, o anjo Polho tentou vender um seguro a um homem de bicicleta. Como o ciclista não parou, Polho deu um pique de mais de duzentos metros, argumentando que quem não se segura, cai. Dizia isso ameaçando derrubar o ciclista. O homem não caiu e Polho se sentou no meio-fio, meio inseguro.
Na sala de jogos do Pombal Park houve uma confraternização entre vários anjos, mas eu não participei, pois estava exausto e desmaiei no quarto até às 08h00min do outro dia. Acordei animado para mais uma escalada, mas a chuva caiu na hora da saída e abortei a expedição. Apenas os anjos impermeáveis encararam o desafio, que deveria ser de uma hora, mas demorou três! Enlameados e encharcados até os ossos, os anjos “caveiras” acionaram o SOS, guardaram suas bicicletas, tomaram uma ducha e, enxutos, foram todos para o pecado da carne. Depois de comer e beber, uma grande variedade de brindes foi sorteada, de buzina a motel! E que não se estranhe a euforia dos que ganharam o inusitado brinde. Pouca gente sabe, mas um anjo no motel faz verdadeiros milagres!!!
A viagem a Urubici, organizada pelo “Floripa Bikers”, foi a mais espetacular que já fiz! A organização do Maurício e do Elyandro foi impecável. Da condução ao excelente hotel, tudo foi de extremo zelo. A satisfação foi geral e os aplausos deverão ecoar por muitos anos! Mas o ponto alto a ser destacado foi o alto astral de todos os participantes dessa excursão, um marco glorioso em nossas vidas!
Meu eterno agradecimento a todos vocês que dividiram comigo cada centímetro dessa emoção chamada Mountain Bike! Vocês foram meus verdadeiros Anjos da Guarda! Meu céu precisa de vocês para completar o azul que sinto!
Meu beijo.
Prof. Charles.
Desde a saída, quando os 38 anjos foram engaiolados dentro dum ônibus, a alegria celestial azulava as expectativas de cada coração. Os anjos mais baderneiros empoleiraram-se na “cozinha” a fim de sugarem o sangue de um pobre Cavalo Branco. O primo do animal, conhecido por Velho Barreiro, protestou contra o sacrifício, mas acabou tendo o próprio sangue sorvido pelos mensageiros de Deus.
Esses seres espirituais, quando bebem, costumam cantar. Então, um anjo chamado Nando pegou seu violão e mandou logo uma sequência de reggae, num swing alucinante. Os anjos, garnisés alados, se depenavam cantando. Alguns até arriscavam uns passos de dança, mas num espaço apertado nem mesmo um anjo embalança.
Quando o ônibus parou diante do Pombal Park, em Urubici, foi aquela revoada ansiosa, onde é que vou ficar, com quem é que vou dormir, o que tem para comer, é só seguir por aqui?! Metade foi para o check-in, metade foi para o xixi. Bexigas, sobretudo a das anjas, não sabem esperar.
Após um breve reconhecimento do poleiro, todos correram para o comedouro, onde calaram o bico e encheram o papo com um delicioso entrevero. Mal haviam acabado a sobremesa, um anjo poeta presenteou os amigos com seu livro apimentado, para que se corrija a maldade divina que continua impedindo esses seres de roçarem suas penas íntimas. Não se sabe o efeito do presente, ainda. O que se pode afirmar é que todos acordaram envoltos numa contradição misteriosa: cansados e dispostos.
Com o tempo nublado, os seres alados deram início à aproximação da base do Morro da Igreja, a estrada que os levaria aos céus. Não há espetáculo mais colorido do que uma nuvem feita de bicicletas angelicais. As camisas tremulantes dos anjos, arcanjos, querubins e serafins, formam o mosaico delicado da vida, onde cada um contribui com o que tem de mais valioso: a amizade. A aquarela desse instante vai se transformando numa poderosa metáfora, formada pela beleza dos signos: são pneus que trovejam nos cascalhos; pedais que se perdem em remoinhos; guidões que assumem o destino; musculaturas que sonham em voar...
Antes do voo, porém, os anjos visitaram uma gruta religiosa, onde a reza lacrimosa de uma pequena cascata alcança há séculos a graça sublime de um açude virgem. Ali os anjos congelaram o tempo em inúmeras fotografias, para que no futuro possam refrescar a memória com esse momento de ternura.
De volta às bicicletas, os anjos partiram para o destino final: o céu miraculoso, morada de nosso Senhor. Não demorou muito para que chegassem ao início do asfalto e reagrupassem novamente. Aí, o querubim Maurício pediu que cada um pedalasse no seu ritmo, sem pressa, pois o objetivo era chegar aos céus. “Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que ficar a sós/ Tenho que apagar a luz/ Tenho que calar a voz”...
As correntes giraram com fé e foram subindo. No primeiro momento, os anjos subiam juntos. Depois, em pequenos grupos até, finalmente, se virem sozinhos. O desafio da montanha é semelhante ao desafio da vida, onde, dependendo da ocasião, ora as pessoas se encontram rodeadas de amigos, ora com poucos, ora sem ninguém. Mas a solidão é sábia. Enquanto escalavam a montanha, muitos anjos tomavam longas lições de autoconhecimento. Uns aprendiam a respirar, outros a se alimentar. Uns se perdoavam, outros se culpavam. Uns decidiam ser mais exigentes consigo, outros compreendiam que era desnecessário o rigor excessivo com os outros. Tal aprendizagem provocava imensa dor, dilacerando os anjos da alma aos músculos. “Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que aceitar a dor/ Tenho que comer o pão/ Que o diabo amassou”...
Os primeiros três quilômetros foram extenuantes. Em momento algum a geografia deu trégua! A bicicleta começava pesando algo em torno de 15 kg e a cada curva íngreme dobrava o peso. As coxas e as panturrilhas queimavam, as costas davam sinais de não suportarem tal suplício, mas quem quer chagar aos céus não mede esforços. Os anjos, sempre que podiam, ajudavam-se na subida. Os querubins Maurício, Brinquinho, Nando, Elyandro, Izoel e a Fadinha Simara despencavam da montanha abaixo para incentivar anjos e anjas a continuarem subindo. Mas a rampa inclinada que fecha o primeiro trecho fez com que alguns desistissem.
Do Km 3, as criaturas celestiais pedalaram até a Cascata Véu de Noiva, onde foram recepcionadas com aplausos, fotografias, bananas e bergamotas pelo coro de anjos que não subiu o morro pedalando. Depois que todos chegaram e se alimentaram, a ordem foi descer até a cascata para conferir a fama daquele lugar. Depois de beber quentão, chaga-se a conclusão de que ali a natureza se casou, pois de seu véu aquático ainda escorre uma espuma apaixonante!
Deslumbrados com os vestígios daquele matrimônio ecológico, vinte bicicletas se sentiram estimuladas a flutuar, enquanto os anjos diziam: “Glória a Deus nas alturas!” A música de Gilberto Gil ecoava pelo caminho: “Se eu quiser falar com Deus/ Tenho que me aventurar/ Tenho que subir aos céus/ Sem cordas pra segurar/ Tenho que dizer adeus/ Dar as costas, caminhar/ Decidido, pela estrada/ Que ao findar vai dar em nada, nada, nada, nada, nada/ Do que eu pensava encontrar!”
Depois de mil metros de altitude as coisas começam a mudar. As nuvens chegam, a temperatura cai, o corpo treme de frio e cansaço. “Tem dias que tudo no céu é pura cinza”. Era nisso que os anjos pensavam quando uma lufada forte de vento ameaçava lançá-los do alto do penhasco. A geografia dissimulava com pequenas descidas paredes incríveis de asfalto, o que exigia dos anjos, além de determinação divina, muita concentração e esforço. “Pai nosso que estais no céu...”
Finalmente os anjos leram numa placa: “Portão fechado a 500 metros”. E logo em seguida, outra placa: “Portão fechado a 200 metros”. Mas para a alegria geral, os portões do céu estavam abertos! Então vamos lá! Uma descida violenta convida as bicicletas a fazerem um downhill no céu. Mas “Deus é um cara gozador, adora brincadeira” e coloca mais uma ladeira antes de receber seus anjos. Maurício, o querubim que mais incentivou o grupo na subida, vem gritando atrás de mim: “Charles, tu estás de parabéns! É emocionante te ver aqui!” E eu respondo ao nosso capitão com um grito infernal que ecoará dentro de mim durante muitas gerações: “Aaaaaaaahhh!!!!!!!!!! Aaaaaaaaahhh!!!!!!!!!!! Eu conseguiiiiiiiiii!!!!!!!”
O carro do fotógrafo espacial Marcelo estava de plantão, registrando tudo o que acontecia a 1828 metros de altitude! Um frio de 3º negativos trincava os ossos dos anjos esfarrapados. Por mais quente que fosse a emoção de estar ali, depois de cinco minutos não se podia impedir o congelamento daquela alegria. Por isso, os que ali chegaram, partiram em direção a quentura do solo terrestre.
A descida reservava várias subidas e isso só quem esteve no céu pode confirmar. Descer é um fenômeno que sobe! No tobogã de Deus, a inteligência dos anjos escorrega displicentemente. Por isso é preciso, além de muita coragem, atenção redobrada, porque depois de embalar fica difícil contornar as curvas anguladas. Mesmo com o vento zumbindo em minha orelha, posso afirmar que ouvi muitas vozes enquanto descia. Às vezes ouvia meu nome, outras vezes não conseguia identificar a língua dos anjos que moram no céu. “Ainda que eu falasse a língua dos homens/ E falasse a língua dos anjos/ Sem amor, eu nada seria...”
Assim que comecei a descer, vi o anjo Izoel acompanhar Raquel Maravilha até a casa de Deus. O anjo Izoel é dono de virtudes invejáveis! Pedalar ao seu lado foi, é e será sempre motivo de orgulho a toda falange. Onde houver ferimento, ele cura; quando alguém se perder, ele encontra; enquanto restar uma lágrima, ele enxuga; se um anjo atrasar, ele espera. O anjo Izoel não é Papai Noel, porque ele se faz muito mais que presente: é preciso, exato, na medida certa de nossas necessidades urgentes.
De volta ao Pombal Park, só se falava da Casa de Deus, que os urubicienses apelidaram de Morro da Igreja. Igreja lembra vinho, que lembra pizza, que em Urubici implica viajar a pé por quase uma hora até encontrar um forno a lenha capaz de assar rodelas de massa para 38 anjos famintos. Depois de rodopiarem no rodízio de pizza, um anjo chamado Polho desfiou um bem-me-quer, embora ninguém o tenha querido. Na volta, o anjo Polho tentou vender um seguro a um homem de bicicleta. Como o ciclista não parou, Polho deu um pique de mais de duzentos metros, argumentando que quem não se segura, cai. Dizia isso ameaçando derrubar o ciclista. O homem não caiu e Polho se sentou no meio-fio, meio inseguro.
Na sala de jogos do Pombal Park houve uma confraternização entre vários anjos, mas eu não participei, pois estava exausto e desmaiei no quarto até às 08h00min do outro dia. Acordei animado para mais uma escalada, mas a chuva caiu na hora da saída e abortei a expedição. Apenas os anjos impermeáveis encararam o desafio, que deveria ser de uma hora, mas demorou três! Enlameados e encharcados até os ossos, os anjos “caveiras” acionaram o SOS, guardaram suas bicicletas, tomaram uma ducha e, enxutos, foram todos para o pecado da carne. Depois de comer e beber, uma grande variedade de brindes foi sorteada, de buzina a motel! E que não se estranhe a euforia dos que ganharam o inusitado brinde. Pouca gente sabe, mas um anjo no motel faz verdadeiros milagres!!!
A viagem a Urubici, organizada pelo “Floripa Bikers”, foi a mais espetacular que já fiz! A organização do Maurício e do Elyandro foi impecável. Da condução ao excelente hotel, tudo foi de extremo zelo. A satisfação foi geral e os aplausos deverão ecoar por muitos anos! Mas o ponto alto a ser destacado foi o alto astral de todos os participantes dessa excursão, um marco glorioso em nossas vidas!
Meu eterno agradecimento a todos vocês que dividiram comigo cada centímetro dessa emoção chamada Mountain Bike! Vocês foram meus verdadeiros Anjos da Guarda! Meu céu precisa de vocês para completar o azul que sinto!
Meu beijo.
Prof. Charles.
Um comentário:
O comentário neste espaço, no meu entendimento diz tanto quanto o próprio relato, tem a capacidade de integrar ainda mais estes anjos. Emocionado com a parte que me toca, sinto muita alegria no reconhecimento por um simples gesto fraterno. Perceber e poder ver as manifestatações de cada um é muito gratificante. É certo que todos gostaram muito, contudo, registrar um comentário torna o sentimento duradouro e conhecido por todos, assim, as réplicas e treplicas são alimentadas e tornam a integração muito mais interessantes.
A aventura dos anjos, foi ímpar. Por muitos anos tenho certeza, será motivo de alegria em nossa memória.
Grande Abraço a todos.
Izoel
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