sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estrelas no asfalto


Quinta-feira sem chuva, temperatura agradável, noite do pedal feminino, todas em cada ponto se arrumando para às 20horas o encontro das “Estrelas da Noite”. Mas... uma se perde, tenta achar o local da concentração, porém fica em dúvida, tanta rua parecida! Para e pede informação a uma moça que acha loucura alguém se perder no quarteirão do Giassi. Na tentativa, olha para frente e vê seu ponto de referência. Uma bike e uma estrela laranja, sorridente, vindo em sua direção. Adi encontra a estrela perdida e a leva para a concentração.

Enfim, todas juntas. Ali se forma a constelação da noite, que não está no céu, mas que se prepara para dar um show de brilho, leveza, paz e alegria pelas ruas da cidade.Todas juntas? Podemos partir? Não! Falta uma estrela: Aninha, que chega para completar o grupo de sete estrelas para um pedal que promete.

Todas juntas? Podemos partir? Não! Pose para foto: “Juntas, meninas!” “Sorriam!” “Façam pose!” “Mostrem a bike!” “Arrumem o cabelo!” “Xiiiiiiiiiiiiiiiissssssssss!” Ficamos lindas! Últimas coordenadas da Fe e Vamos embora!
Olho para o Céu e não vejo a lua, e nem as estrelas. Cadê as estrelas?!As estrelas hoje estão no asfalto das ruas movimentas de São José, brilhando e mostrando a todos que passam que pedalar é algo MARAVILHOSO, onde você consegue se transportar para outro planeta, outra galáxia!

Cada estrela em seu ritmo, no seu tempo. Cada uma com seu brilho próprio como toda estrela deve ter. Vento no rosto, sorriso, em cada pedalada a sensação de liberdade, de leveza. Como é bom se sentir viva, superar limites, sentir como somos capazes de nos transformar em pessoas melhores, mais amadas! Como uma bike pode fazer pessoas mudarem de vida, adquirir novos hábitos! Só quem fez parte dessa constelação ontem pode confirmar: nos transformamos em estrelas, sim! Onde a constelação passava, pessoas olhavam, comentavam. Até nos sentimos especiais quando alguém passou e disse: “Olha, que coisa mais linda, mais cheia de graça...” rs.

Os nossos “Guardiões, Izoel, Rinaldo e Ricardo, ficaram atrás, cuidando, zelando, preocupados em manter o brilho de cada estrela. Estrela cadente? Nossa, sim! Karol passa por todas e desce em velocidade luz. Como uma estrela cadente, encara a descida e faz seu espetáculo, fazendo algumas estrelas pensarem: “Um dia serei uma estrela cadente”.

Parada para agrupar mais uma estrela. Fe nos espera próximo à ponte, alegre por rever algumas já conhecidas e conhecer outras. Conversas. Risos. Vamos embora?Não, adivinha: parada para fotos... Agora podemos ir...

Nesse trecho da Beira Mar, tranquilo. Alguns obstáculos, mas nada que pudesse ofuscar o brilho da noite. Conversas, brincadeiras, concentração, brisa do mar, friozinho, uma mistura boa para uma noite tão estelar como essa.

Mais uma parada. O papo não era troca de receitas. Não era sobre novelas e nem sobre moda ou dieta... O Assunto era sobre a paixão em comum: AUDAX, DESAFIO MTB, BETO CARRERO, MORRO DA RUSSIA. Nosso papo era troca de experiência, estrelas empolgadas com notícias e experiências que só duas rodas podem oferecer.

Continuando o caminho e pedalando felizes, Adi, na sua simplicidade, foi aos poucos mostrando seu brilho em duas rodas e fazendo a alegria do grupo. Última parada: a constelação se agrupa. Adi se empolgou no suco de milho: Fe, na sua Coca-cola gelada. Algumas trocas de ideias e... adivinha?! Pose para foto!!! Xis e mais xis!!!

Na volta ganhamos ritmo. Foi muito bom cada momento, cada partilha. No céu a lua não apareceu. As estrelas? Estavam no asfalto com seus uniformes laranja, com seu brilho, seu charme. Estrelas em duas rodas. Assim foi a noite desse vinte e nove de Abril de dois mil e dez.

"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
capaz de ouvir e de entender estrelas”

Daniela da Silva.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Noite da entrega das camisetas













Quando esses dois caras se conheceram, não faziam a menor ideia de que iriam resgatar a alegria de muita gente. Nosso muito obrigado ao João e Rinaldo! A Adi é a mais recente integrante do grupo. Agora o pedal das meninas terá um motivo a mais para festejar!















Mestre Rinaldo é dono de um carisma enternecedor e tem um coração de criança.















Essas meninas descobriram na bicicleta a alegria de viver!















"As Panteras" deixaram a TV para pedalar no Pedal Continente. Viva!















Quando esse careca se uniu ao grupo, queria apenas pedalar. Mas a emoção de dividir sóis e luas com pessoas tão especiais pede sempre um relato apaixonado. E só por isso ele escreve...















A família Pedal Continente e sua pele laranja!















Nosso querido amigo Petry recebendo dos fundadores do grupo sua camisa.













O pai do João abrilhantando a festa com sua presença. Um momento lindo!



















Amigo Castilho e suas belas palavras.














Reparem como a bicicleta rejuvenesce e deixa as pessoas lindas! Aninha e Karol arrasando no quesito "Você é linda, mais que demais!!!"










Quase não coube todo mundo na foto! Linda família!















Unir corações é uma tarefa nobre. Mas vocês quiseram ir além: implantaram em nossas almas o gosto azul da alegria e o cheiro verde da vida! Obrigado!!!















Não, não é a torcida organizada da Holanda! São as "Laranjinhas do Continente" como bem disse Izoel. Eita camisa linda!!!




quarta-feira, 28 de abril de 2010

Laranjinhas do Continente[1]


Às oito horas da noite de ontem aconteceu um fenômeno curioso nas ruas de Campinas: dezenas de laranjas rolaram pelo chão! A laranja é um fruto híbrido (cruza de pomelo e tangerina) e seu corpo esférico parece dizer: “Vem na roda!” Fila indiana, corredor polonês, aglomero, não importa o jeito que invadem a cidade. A ordem é se espremer pela noite em busca de mais um prazer suculento!

Ainda que as laranjas esbanjassem saúde em cima do triciclo vitamínico A, B e C, um grupo de senhores ligeiramente embriagados, nas proximidades do Giassi, não se conteve e ofereceu às frutas noturnas um cigarrinho logo no início do passeio. Nas primeiras subidas, algumas laranjas ficaram pra trás. Nas descidas, desabaram pra frente. Mas nas retas se comportaram bem. Lá na frente, João Laranjeira ditava a cadência confortável para que todas as laranjas permanecessem na mesma caixa, contrariando a resina ácida das laranjas velozes. Lá no fundo, Petry Limão chicoteava Adilene com um chicote de espinhos carniceiros e gritava: “Pedala!!! Coroa 3!!! Desce a marcha!!! Não pára!!!” Mas nem toda janelinha de laranja é guilhotina. Ali, entre sangue e sumo, estava a poesia pedagógica entre professor e aluna! Todo cuidado e atenção especial eram dados a mais nova laranjinha do grupo!

Mas foi na Beira-Mar Norte que a tragédia aconteceu. As laranjas iam tranquilas, tossindo sementes pela ciclovia quando a terra toda tremeu: BRECKPUMBA!!! E foi Luciano para tudo que é lado!!! Ele é faixa roxa em jiu-jitsu, por isso foi pro chão e finalizou com um poderoso mata-leão a roda dianteira da pobre Scott. João Laranjeira disse que assim não tem graça, pois numa luta tem que haver hematomas e, além do mais, ninguém se machucou! Mas Luciano sorria triunfante e exibia orgulhoso o cinturão de ouro do CEASA, para o orgulho de todas as fãs, as “laranjetes”.

Quando Luciano saiu do ringue, laranjas, laranjetes e laranjões recomeçaram a girar. Na segunda passarela que dá acesso ao CIC, meia dúzia de laranjas verdes decidiu subir nas árvores do Morro da Lagoa. Mesmo com o grupo dividido, as laranjas maduras permaneceram firmes em seu objetivo, que era posar para um cardápio vegetariano na frente da Catedral Metropolitana. Espremidas na escadaria, sorriam alvéolos graciosos enquanto os flashes eram disparados.

Depois, já de volta a casa, as frutas cítricas tiraram mais uma foto em cima da passarela do Centro de Convenções. Um casal muito simpático, que estava fotografando o local, fez a gentileza de registrar toda a caixa.

De laranja em laranja, despediram-se. Mas ficou a certeza de que de agora em diante os laranjais de São José e Florianópolis só florescem às terças à noite!
Prof. Charles.

[1] O título foi tomado por empréstimo do amigo Izoel, dono de uma mente brilhante! Obrigado!

Nas escadas da Catedral


Lembram da nossa foto ontem nas escadas da Catedral? Brincadeirinha. Mas enquanto a foto não vem fica essa refrescante e nutritiva imagem. Eu sou aquele à esquerda esmagado pela laranja sorridente!!!
Prof. Charles.

Evolução em grupo


Olá, Pessoal!

O Grupo Pedal do Continente tem crescido muito nesses poucos meses de atividade. Ontem saímos pro passeio em 33 ciclistas. Não pretendo elaborar um relato sobre este passeio. Pra isso nós contamos com o talento de outros amigos. Esta mensagem é pra tentar levar pro pessoal que embarcou no bonde ontem o que realmente somos: Um Grupo.


Ontem Eu tive a satisfação de assumir o papel de fechar o grupo coisa que habitualmente é feito pelo Amigo Mestre Rinaldo ou "Rinaldo Show de Bola".


Estar disposto a ajudar os colegas é algo extremamente gratificante, melhor ainda é acompanhar a evolução deles ao longo dos meses. Esta evolução a que me refiro não é algo focado em quebra de recordes, e sim uma melhora na condição física que permitirá à pessoa ter mais qualidade de vida e poder participar de mais atividades com o Grupo, como passeios mais puxados ou mais longos.


Essa proposta não é nada anormal. E não tenho dúvidas que motivação não vai faltar. A medida que vocês forem conhecendo os membros do grupo e suas histórias entenderão do que estou falando.


Pra concluir agradeço muito ao exemplo dado pelo Luciano "Capitão do Mato". Ontem o cara demonstrou iniciativa em ajudar o grupo.


E pra quem não está acostumado com meu jeitão meio bobo durante o passeio peço desculpas e compreensão.

Vem na roda!!! Olha o chicote!!!


Petry.

Superação


Bom dia pessoal...Ontem foi um dia de superação. Passear com veteranos solidários foi uma grande lição de vida.


No começo tentei fingir que estava tudo bem, mas a tensão me dominava o coração. Começamos a pedalada e relaxei, mas, no primeiro obstáculo, que pra mim são as descidas e subidas, meus queridos, fiquei pra trás e amarelei.


Pra minha agradável surpresa ouvi uma voz bem perto me orientando, dando força, aliviando meu medo. Isso que era apenas uma ladeirazinha abaixo, nada íngreme, mas tava me borrando....Petry!! Esse foi meu guardião de ontem!!


Em cada subidinha e/ou descidinha (pra ele, pq pra mim eram morros e morros rsrsr) ele estava ali, me dizendo o que fazer...


Faz assim, faz assado, muda a marcha, coloca coroa 3, coroa 2, sobe com a mão direita, mão esquerda, sente o peso do pedal, não pára de pedalar, não troca a marcha com a bike parada, olha pra frente, e bla..bla...bla...até que fui ameaçada com um chicotinho virtual....hahahaha. Tudo bem....Isso me deixou mais espertinha, mas sempre sendo o rabinho do grupo.


Parabenizo o grupo integrado, amigos, solidários um com outros, esperando o último a chegar, respeitando o limite, ajudando na queda, organizando filas indianas, cuidando do trânsito, parando carros, orientando nas calçadas, respeitando os pedestres....Enfim, me senti parte de vocês ontem.


Agradeço a todos que me ajudaram....João, Petry, Ana, Luciano, Tereza, Simara, Charles, Silene, Ricardo entre outros que não lembro o nome.


Cada bicicleta que estava à minha frente, mesmo eu não sabendo quem era seu condutor, ficava observando os movimentos das pernas, o jeito de pedalar, de frear, de parar, de trocar as marchas....Todos foram importantes...


Estarei presente no pedal das meninas amanhã...Tentarei melhorar a cada dia....


Aguardem-me qdo estiver uma bicicleta a altura...


Beijos no coração de todos.


Obrigada pela cia de ontem, pelo carinho e pela ajuda.


ADI

terça-feira, 27 de abril de 2010

Para nascer uma camisa

Uma roda no crepúsculo, outra na aurora. É assim que o Pedal Continente faz girar os dias. A “Família Bikers” cresce sem perder a leveza das primeiras pedaladas. Ela sabe que seu destino é a própria vida! Foram centímetros de infância, quilômetros de mocidade e ainda resta uma circunferência chamada Terra para brincar de felicidade! Nessa família a beleza parece ter desabrochado antes da rosa-dos-ventos e do perfume dos sentidos. Nem tanto pelo encanto do sol que emana, mas pela vida dos raios de cada aro que faz nascer!

Viver é movimento! Por isso, o vento dá pernas miúdas a coisas inanimadas. Por isso, o mar se encrespa em ondas! Por isso, saímos todos ontem de casa e fomos ver o nascimento de uma camisa laranja, amarela, vermelha e branca.

Engana-se quem pensa que uma camisa nasce por um capricho de alfaiate. Para nascer uma camisa é preciso que os amigos se encontrem e conversem sobre assuntos alegres. É preciso que a chuva pare e que permaneçam molhados para sempre os amantes. É preciso que a hora não peque e que Diogo nos lembre que o Pedal Continente nasceu aos catorze de setembro de dois mil e nove. É preciso que as crianças estejam presentes, pois são elas as mensageiras das novidades desse mundo!

Para nascer uma camisa é preciso que as mulheres soltem os cabelos e se produzam! É preciso que todos fiquem hipnotizados com os olhos verdes e pintados da Karol, com a beleza morena e estonteante da Aninha, com a sensualidade da Simara, com o jeitinho doce da Raquel, com a graça exuberante da Tereza, com a ternura da Fê, com o charme da Adilene, com a elegância da Fabiana, enfim, com as virtudes femininas de todas as mulheres que sempre nos acompanham.

Para nascer uma camisa é preciso vestir os manequins com nossas cores e contemplá-las de longe, imaginando o momento em que todos sairão pelas ruas uniformizados. É preciso sorrir para a vida e para as fotos. É preciso sair da dieta, comer salgadinho com refrigerante e falar de boca cheia: “Obrigado, meu Deus, por me deixar fazer parte dessa família de malucos!”

Para nascer uma camisa é preciso que o Marquinho e o Elyandro estejam no bar monitorando a temperatura das cervejas. É preciso conversar com os amigos carecas sobre cabelo, com jovens sobre as bandas dos anos oitenta, com a mãe do João sobre o bom desempenho da Ana Maria Braga na “Dança dos Famosos”. É preciso ouvir as palavras precisas e emocionantes do mestre Rinaldo ao microfone, receber a camisa oficial do grupo pelas mãos do Comandante João e pousar para uma foto ao lado dos fundadores. É preciso que este relator entre na cozinha ao lado do bar julgando ser o banheiro, que o amigo Cassol tente encontrar uma nova saída através da parede, que a Raquel fique contente por um segundo ao ouvir o sorteio do número “Quarenta...”, mas se entristeça com o final da dezena: “... e oito”. É preciso ser contagiado pelo bom-humor do Jairo, do Petry e do Alexandre.

Para nascer uma camisa é preciso ficar até o fim da festa ao som do Nando Karam e ouvir seu excelente repertório. É preciso deixar o álcool fazer efeito e liberar o artista, o louco, o palhaço, o mímico, o bufão, o cantor, o contista e o humorista que há dentro de todos nós! É preciso ir de Leandro e Leonardo a Bob Marley, de Led Zepplin a Zeca Pagodinho, de macho a deixa que eu me encaixo!

Para nascer uma camisa é preciso assistir ao Luciano arrasar no vocal e na performance, fazer backing vocal com o Ricardo, Izoel, Marquinho, Raquel, Karol, Rafael e mestre Rinaldo. É preciso se divertir com a coreografia improvisada do João, lamentar que só restam quatro latinhas no freezer, ficar rouco de tanto rir e cantar alto.

Uma camisa precisa de tudo isso para nascer. Precisa desse barulhinho bom, do sereno da madrugada e da sacanagem do poema para a “Rosca dos Pampas”. Precisa ser pendurada com carinho no cabide e admirada. Uma camisa como a nossa precisa ser usada com muito orgulho! Não apenas por ser um símbolo de união e conquista, mas por ser a pele sob a qual explodimos de prazer e alegria! E porque nossa camisa embeleza e cativa, ela ficou parecida com o amor!

Parabéns a todos que se empenharam na escolha do modelo e das cores! Parabéns aos organizadores do evento de ontem! A noite estava perfeita, camiseta por camiseta!

Prof. Charles.

domingo, 18 de abril de 2010

PEDAL SÓ DAS MENINAS!!! (15/04/2010)
















TUDO COMEÇOU COM UMA GRANDE IDEIA DA SIMARA. DAÍ, AMADURECEMOS ... TROCAMOS ALGUMAS FIGURINHAS... RESOLVEMOS O DIA DA SEMANA E... ENFIM, CONCRETIZAMOS, JÁ Q NA SEMANA ANTERIOR SÃO PEDRO NÃO AJUDOU!!!!!














CHEGUEI NA CICLO VIL E ENCONTREI ALGUNS PEDALANTES DO SEXO MASCULINO NUMA TREMENDA CONCENTRAÇÃO E BATE PAPO. IAM ENCARAR O MORRO DA LAGOA. DAÍ, CHEGOU KAROL E JÁ COMEÇAMOS A FOFOQUINHA BÁSICA. ENTÃO, CHEGOU A SIRLENE, MEIO CABISBAIXA, AFINAL SERIA SEU PRIMEIRO PEDAL EM GRUPO. ANINHA CHEGOU LOGO EM SEGUIDA, MAS MUITO QUIETINHA, POIS A GRIPE ESTAVA QUERENDO PEGÁ-LA (NÃO SEI SE PEGOU). NOS ORGANIZAMOS SEM MUITA PRESSA, POIS NÃO ESTÁVAMOS PREOCUPADAS COM O HORÁRIO. TODAS AS MENINAS APARENTAVAM MUITA FELICIDADE, POIS FINALMENTE ESTAVAM CONSEGUINDO POR EM PRÁTICA UM SONHO: O PRIMEIRO GRUPO DE PEDAL FEMININO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS. ENTÃO, SURGE VAGAROSAMENTE, ATRAVESSANDO A RUA, O ILUSTRE CASAL: JOÃO E SIMARA, NOSSA COMANDANTE E NOSSO GUARDIÃO.

CLARO QUE SAÍMOS UM POUQUINHO ATRASADAS, SOMOS MULHERES!!!!!!! CONFORME COMBINADO, SEGUIMOS EM DIREÇÃO A BEIRAMAR DE SÃO JOSÉ. PRIMEIRO OBSTÁCULO: ATRAVESSAR A PRESIDENTE KENNEDY NUMA FAIXA DE PEDESTRE. MAS, COM NOSSO GUARDIÃO JOÃO, TUDO FICOU MAIS FÁCIL. FOMOS ULTRAPASSADAS POR UMA FIGURA MUITO ESTRANHA (SEXO MASCULINO), COM UMA BARRA FORTE SE ACHANDO O FLECHA LIGEIRA. ESTÁVAMOS CHEGANDO NA VIA EXPRESSA E FOMOS SURPREENDIDAS POR UM ÔNIBUS Q FEZ ATÉ VENTO EM NOSSOS TRASEIROS DE TANTA VELOCIDADE. DAÍ, ENTRA EM CENA TODA A DELICADEZA DO NOSSO GUARDIÃO JOÃO QUE NÃO POUPOU XINGAMENTOS P/ ESTE MOTORISTA.


















NADA NOS IMPEDIA DE GARGALHADAS E CONVERSAS.VENCEMOS A VIA EXPRESSA, ENTRAMOS EM COQUEIROS E RAPIDINHO CHEGAMOS NA CABECEIRA DA PONTE. ATÉ AÍ, TUDO BEM... AGORA UMA PAUSA PRA ÁGUA E ALGUMAS FOTOS. SIRLENE, NOVATA, PASSARIA A PONTE PELA PRIMEIRA VEZ! CLARO Q ROLOU ALGUMAS BRINCADEIRAS, MAIS FOTOS E SORRISOS. PASSAMOS A PONTE E LOGO CHEGAMOS AO TRAPICHE DA BEIRAMAR NORTE. ESTAVA LÁ UMA MESINHA PERFEITA NOS ESPERANDO PRA UMA PAUSA E UMA FOFOQUINHA. NOSSO GUARDIÃO JOÃO REGISTROU ALGUNS MOMENTOS. DESCANSAMOS UM POUCO E VOLTAMOS AO NOSSO PONTO DE ORIGEM. REAGRUPAMOS NA CABECEIRA DA PONTE. SIRLENE MOSTROU MUITA FORÇA DE VONTADE E SUPERAÇÃO. QUANDO CHEGAMOS PRÓXIMO A CICLO VIL, TODAS MOSTRAVAM O SEMBLANTE DE FELICIDADE E IDEIAS PARA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA. NOS DESPEDIMOS COM O SABOR DE TAREFA CUMPRIDA. FICAMOS MUITO FELIZES COM O DESEMPENHO DA SIRLENE.

A TODAS UM GANDE BEIJO! AO NOSSO GUARDIÃO, MUITO OBRIGADA, SEM VC NOSSO PEDAL NÃO SERIA O MESMO. AH... ESPERAMOS VC, RINALDO,VOLTE LOGO! JOÃO FICOU MUITO SOZINHO, HAHAHAHAHAHAHA!!!

FE.

sábado, 17 de abril de 2010

Um sábado para os Açores



















"Todo dia o sol levanta, e a gente canta o sol de todo dia!!!"


E porque quisemos ver o sol de pijama alaranjado, eu, Luciano e Ricardo já estávamos pedalando às 06h30min em direção à Praia dos Açores.















O pedal estava perfeito: sem vento, pouco trânsito, trajeto plano, asfalto liso.















Chegamos a andar a 37 km/h vários trechos, cada um puxando um pouco. Ao todo, rodamos 72 km (elevado Capoeiras, Ciclo Sul, Rio Tavares, Campeche, Morro das Pedras, Armação, Pântano do Sul, Açores).



















Desde a ponte fomos reparando na paisagem magnífica da ilha, ninfa bonita que nos acenava da varanda com suas pantufas azuis, camisola verde e uma echarpe enrubescida pela aurora...
Prof. Charles

quarta-feira, 14 de abril de 2010

OVNIs do Atlântico Sul




Terça-feira 13, nenhuma bruxa, 3 estrelas: Aninha, Simara e Raquel, a novata. Por que ficar em casa quando a coisa mais linda de se ver é a rua tomada por discos voadores? Na porta da única franquia de Oficina Marciana do planeta, a Ciclo Vil, o comandante João dá as últimas instruções de voo aos 27 ETs. Luzes piscando, pedivelas girando, alô, câmbio, vamos decolar!!!

Luciano “Jaspion” é orientado para não parar em Angelina. O plano de voo é outro! Luciano é um líder veloz e empolgado. Por isso, flutuamos atrás dele, que adora sacudir os OVNIs: esquerda, direita, esquinas e o Kobrasol vai ficando pra trás. Agora, ele mergulha no “túnel do tempo” e já deixamos voar a criança que somos na ladeira da marginal 101. Mas no primeiro posto à direita é preciso checar a lambança. E a coisa mais linda de se ver é um filhote de ET cuidando do outro: um comenta, um aprova, um concentra, um alerta, um alonga, um prevê, um fofoca. Um responde o que o outro ainda nem perguntou. Um descobre o nome de um bairro, outro pergunta “onde estou?”

No grito de “vambora!” os alienígenas alcançam Flor de Nápolis e voam em direção à UNIVALE, reagrupando num posto à esquerda. Em seguida, recomeça a viagem pirilâmpica pela escuridão do Sertão de Imaruí. Nesse ponto vamos ficando mais verdinhos devido ao esforço nas alturas. É sempre assim: Via Láctea, ácido lácteo! O frio provoca uma pane no “disco” da Raquel, a novata: um estalo estranho e era uma vez a propulsão dos pedais... E a coisa mais linda de se ver é uma mulher recolocar a corrente e sujar as mãos! Mais que um momento de superstar, é um momento de superação! Parabéns, menina!

Agora, no topo da montanha, é improvisado um aero-OVNI diante de um despacho gigante. A julgar pela montanha de cinzas e pelos ossos fumegantes, os terráqueos devem ter sacrificado a língua de uma sogra ou duas dúzias de dragões (dá no mesmo!). Estamos parados aqui porque o Comandante João acredita que quanto mais defumados ficarmos maior será a nossa proteção contra os buracos negros do universo. O impiedoso Marte, Deus da guerra, escuta nossos mantras de fofoca, enquanto inalamos dezenas de litros de fumaça. Depois de muita lágrima e muita tosse, deixamos o aero-OVNI queimar em silêncio sua fogueira protetora.

Estamos nesse instante sobrevoando as encostas da montanha cuja irregularidade do relevo contribui para fortes turbulências. Raquel, a novata, enfrenta outra pane, dessa vez no sistema de freios. Apavorada, comunica pelo rádio que não pode parar, perdendo altitude e ganhando velocidade. Luís, o suicida, ao arriscar uma manobra ousada para não aumentar ainda mais os problemas de Raquel, a novata, encontra uma parede ocre: kabruuuummmm!!!! E a coisa mais linda de se ver é um ET com a cabeça enterrada no barranco! As perninhas continuam pedalando no espaço sideral, mas ele não sai do lugar e seu oxigênio vai se esgotando rapidamente. Então, como um semáforo intergaláctico, Luís, o suicida, muda da alegria verde para uma agonia amarela, e teria sufocado numa tragédia vermelha se Gil e Marquinhos não o socorressem.

De volta à vida, a vítima lamenta ter perdido as antenas na crosta terrestre e danificado completamente a buzina espacial, objeto com o qual costumava saudar as marcianas que encontrava pelo caminho. Mas isso não é tudo. É preciso dizer que a cabeça do Luís, o suicida, sacudiu as terras catarinenses. No epicentro da explosão ficou uma imensa cratera. O impacto foi tão poderoso que chegou a romper o sistema de gasoduto na entrada da Palhoça. Ao passar por essa área de risco, muitos ETs se valeram do cheiro forte de gás que saía do vazamento para liberar seus próprios gases, deixando para trás a feijoada combustiva do meio-dia.

É com essa esquadrilha de gambás que estamos voejando praças e ruas da bucólica Palhoça. Após a Ponte de Imaruí a ordem é puxar o manche à direita. E a coisa mais linda de se ver é o balé dos discos voadores acompanhando as curvas sinuosas da Ponta de Baixo! Aninha, Simara e Raquel, a novata, aceleram forte, cometas flamejantes riscando o céu com energia feminina. Eu tento, então, uma fuga, mas Leandro, Gustavo, Beludo, Izoel, Alexandre, Luciano, Marquinho e muitos outros passam zunindo por mim. As luzes dos discos enchem meu coração de ternura e encanta os que estão à janela, embasbacados com o espetáculo. A velocidade alcançada pelos pilotos da ponta é vertiginosa. Adiante, após uma breve parada para reagrupar os OVNIs, lá vamos nós pelo Centro Histórico de São José, contagiados pela proeza das acrobacias! Ricardo, coração de leão, mergulha seu disco em direção à ciclovia de São José. O voo está prestes a terminar...

Já com as turbinas desligadas, deslizando suavemente pelas águas da baía josefense, converso com o substituto do mestre Rinaldo, o amigo Jairo. Ele assumiu o BOPE com muita competência, responsabilidade e empenho, cumprindo assim a missão de “patrulhar” os OVNIs desgarrados. Foi, sem dúvida, o disco voador mais iluminado da noite, pois não é nada fácil executar as tarefas do mestre Rinaldo, companheiro do qual sentimos muita falta.

Nosso passeio foi marcado por alguns reencontros. Raquel, a novata, reencontrou Aninha, sua parceira das aulas de Yôga. Eu reencontrei Marquinhos, amigo de infância que disputou comigo inúmeras partidas de futebol de botão, lá nos campos enlameados da rua José do Patrocínio. Sei que ontem aconteceram vários reencontros entre velhos e novos ETs. E a coisa mais linda de se ver é um grupo de amigos dividindo o voo da liberdade nessa nave revigorante a que chamamos de vida!

Muito obrigado a todos por tornarem eternas minhas terças noturnas!

Prof. Charles.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pedal da transformação


Ontem à noite fui convidado a escalar o Morro da Rússia. O convite para tal aventura veio do Pedal Continente, grupo que surpreende a cada dia, seja pela evolução rápida que promove em seus integrantes, seja pelos trajetos ousados que impõe como desafio. Abrilhantando o grupo estava a elite feminina: Aninha, o mais recente talento feminino a se juntar ao grupo, cuja agilidade e força se harmonizam com o lindo sorriso com que ela cumprimenta a todos; Karol, especialista em montanha-russa, tanto na subida quanto na descida; Teresa, garra e graça sob as estrelas! E Sinara, uma alegria veloz na noite escura!

Saímos da Ciclo Vil com dezoito “alpinistas” entusiasmados. Após checarmos todas as cordas e ganchos para a escalada partimos para aquele “país” gélido, ávidos por diversão na Rússia de Biguaçu. O amigo Cristian nos encontrou na Serraria e se juntou ao grupo. Também quis pedalar conosco um “ciclista desconhecido”, mas que se irmana a todos nós pelo gosto da aventura noturna. Depois de duas breves paradas tocamos até uma mercearia onde o João comprou um “cacho” de bananas. Aí aconteceu a primeira transformação: de alpinistas para “macacos” em um segundo! Os “macacos” avançaram de tal forma nas bananas que não sei se sobrou alguma coisa pro generoso João.

Animados pelo potássio da banana alheia, os símios do continente começaram a escalada naquela montanha de cascalho, pedra e pó. O Morro da Rússia tem o poder de distinguir os primatas. Mal começou a subida e os faróis das bicicletas iluminavam gorilas, saguis, chimpanzés, orangotangos... tinha até mico-leão-dourado! Como fui o primeiro a pregar, descobri que sou um macaco-prego!!! Para se ter uma ideia exata do grau de dificuldade que a macacada teve que enfrentar, basta imaginar uma geleira íngreme coberta de bolinhas de gude. Foi assim que eu e meu amigo Ricardo nos sentimos morro acima, derrapando a cada passo para todos os lados enquanto empurrávamos nossas bicicletas. Rodrigo e João vieram nos socorrer e subiram a parte final do “pesadelo russo” nos dando aquele apoio moral.

No “dia” em que chegamos ao cume da montanha descobrimos que a segunda transformação já havia ocorrido: os macacos se transformaram em ciclistas e despencaram morro abaixo. Mas ninguém despencou tão bem quanto o Willian, que perdeu o controle na descida e na primeira curva se viu de pernas pro ar numa cama macia de “pega-pega” verdejante. Agora sabemos todos que, dos homens do grupo, o Willian é o único que está pegando... literalmente!

Depois da descida fizemos uma breve parada para as “bailarinas” escolherem a música, os passos e o ritmo. O espetáculo iria começar! Rodrigo Cansian puxou o grupo. Atrás dele pedalavam “mestre Kuka”, Willian, Gustavo, Alexandre e eu. O asfalto tem gosto de velocidade e estávamos pedalando entre 30 e 35 km/h com picos de 50 Km/h nas descidas. Encostei ao lado do Rodrigo que puxava o grupo havia algum tempo. Os “speeds” estavam protegidos na “cozinha”, aguardando o bote. Então veio uma subida e acho que meu suspensório invisível se prendeu em algum galho na beira da estrada, pois senti uma força elástica me puxando para trás. Todos se foram e eu fiquei. Contrariado, busquei a diferença na descida e encostei outra vez no Rodrigo e no Gil. Mas o velocista “Mestre Kuka” havia sumido e levado consigo Gustavo e o homem-velcro Willian-pega-pega.

Quando eu, o Rodrigo e o Gil chegamos ao posto de Forquilhinhas, os “homens-bala” já nos esperavam há mais de um minuto, o que representa muito tempo, posto que estávamos andando na balada deles. Cumprimentei os três atletas pelo ritmo forte que imprimiram. Esse “tiro” no final do pedal tem muitos pontos positivos, dos quais se destacam o aprimoramento da parte física e técnica, a produção de adrenalina e a melhora significativa da memória! Sim, enquanto eu sofria para acompanhar os velocistas e passistas, lembrava-me de manter a UNIMED em dia!!! Aliás, daqui pra frente tomarei por hábito pedalar com dois números tatuados no quadro da minha bicicleta, um do meu cardiologista e outro da mais recente funerária do Kobrasol, cujo nome provoca arrepio: “Bem que eu te avisei dessa roubada!”

Alguns minutos depois todos estavam reunidos outra vez. Uma chuva fina começou a cair e tocamos para casa. Em frente a Ciclo Vil, Rinaldo, Teresa, Karol, Aninha, Simara e João falavam em pizza, mas não sei se rolou, pois fui embora. Estava na hora da terceira transformação: vestir a fantasia de pijama de bolinha e desfilar de mestre-sala na avenida de meus sonhos glaciais.

Um abraço às russas e russos de ontem.

Prof. Charles.

Vaga-lumes vermelhos


Todos sabem que o dia primeiro de abril é consagrado à mentira. Há muitas explicações para tal mania. A que parece ser mais convincente alega que essa brincadeira teve início na França após a promulgação do “Calendário Gregoriano”, em 24 de fevereiro de 1582. Antes da adoção de tal calendário, a Europa seguia o “Calendário Juliano”, que reservava o dia 25 de março para o Réveillon de uma semana de duração, terminando, assim, no dia primeiro de abril, início da primavera européia. O rei da França, Carlos IX, ao implantar o novo calendário em seu país deslocou o Ano Novo para o dia primeiro de janeiro. Muita gente não gostou da mudança e continuou a comemorar o Ano Novo no dia primeiro de abril, como rezava a tradição. As pessoas que adotaram a nova data, legitimada pelo Papa Gregório XIII (daí o nome: Calendário Gregoriano) começaram a ironizar as que teimavam em comemorar o início do ano na data antiga. A brincadeira consistia em enviar, por exemplo, convites para festas falsas de casamento, velórios, aniversários, eventos jamais realizados. Por isso, o dia primeiro de abril se espalhou pelo mundo como o dia da mentira.

Pois muito bem. Hoje são dois de abril e juro narrar com veracidade o “Tour Floripa-Angelina: 54 Km de pura emoção!”, que ocorreu no dia primeiro de abril e não foi mentira! Sou péssimo para gravar nomes e fisionomias. Por isso, sempre que eu escrever “um integrante”, “um ciclista” ou algo semelhante é porque não sei ou esqueci o nome do “vaga-lume vermelho”.


Tour Floripa-Angelina: 54 Km de pura emoção!


São nove horas da noite e há uma grande concentração de ciclistas em frente ao Cicles Hoffmann. O organizador do evento, Gean, agradece a presença dos mais de cento e trinta participantes. Os ciclistas estão divididos em três níveis: “Duas Rodas”, “Uma Roda” e “Meia Roda”. Os Duas Rodas ostentam super bikes de marcas famosas, verdadeiras máquinas de devorar distância. São bicicletas que respondem com precisão e agilidade aos poderosos músculos dos atletas. Atrás dos Duas Rodas pedala o grupo intermediário, os Uma Roda. São ciclistas com equipamentos mais modestos, com preparo físico razoável, mas muito determinados. Alguns integrantes desse grupo chegam a andar junto ao primeiro pelotão por algum tempo, mesmo nas subidas. Bem mais atrás está o grupo em que me insiro, os “Meia Roda”. Trata-se da terceira divisão do Mountain Bike. Aqui as bikes variam entre boas e ruins. O que não varia é a lesma que pedala lenta e incessantemente até o fim do caminho. Os Meia Roda não conversam sobre o tempo do percurso, meta, estratégia, velocidade, sprint final. Isso é papo da elite. O assunto em pauta é sempre a dor: nos joelhos, nas costas, nas nádegas, no pescoço... e quando se referem ao percurso é para perguntar quanto falta de sofrimento. Enquanto os ciclistas de elite trocam o nome de equipamentos modernos e eficientes, os do último escalão trocam o nome de médicos: “Olha, eu conheço um ortopedista, o Dr. Patela, que fez uma cirurgia tão boa no joelho da minha avó que ela agora participa do Tour de France!”

Agora, o Gean Hoffmann pede que os ciclistas se alinhem para a largada. Todos fazem em voz alta a contagem regressiva de dez ao “já!” É emocionante!!! Como uma nuvem de vaga-lumes vermelhos, as lanternas traseiras das mountain bikes invadem as ruas. Contagiadas pelo voo noturno, as almas dos ciclistas descobrem que o sentido da vida consiste em compartilhar momentos de ternura e simplicidade, que vão desde o espetáculo fascinante dos piscas-piscas vermelhos até as conversas animadas e engraçadas que surgem pelo caminho. Enquanto a alegria se desenrola na estrada é possível sentir que a bicicleta é o caminho mais curto entre a vida e a liberdade.

Senhores absolutos do trânsito, acabamos de entrar na avenida Presidente Kennedy, assessorados por um carro de apoio e pelos batedores da Polícia Militar. Há um carro na frente do pelotão tirando muitas fotos. Nesse instante, apenas os Duas Rodas são clicados, pois já dominam o pelotão da frente. Até a subida da marginal da BR 101 consigo acompanhá-los, o que significa que eles estão apenas passeando. Na descida, antes do trevo de Forquilhinhas, é possível avistar um oásis no asfalto. Enquanto vários bikers sobem a calçada para não molharem suas rodas, um ciclista alheio a tudo e a todos resolve fazer um downhill e mostrar pra galera que ele é parente de Noé, o cara da arca, e não tem medo de lama. Ao passar pela grande poça d’água, cuja consistência merecia, no mínimo, respeito, o cara se estabacou no chão! Suspense... num instante tudo são destroços: farol pendurado, ciclocomputador arremessado, joelho e cotovelo esfolados. A julgar pelo seu equipamento e pela manobra audaciosa, o cara é Uma Roda. Ele logo se recompõe e recomeça a pedalar com a bicicleta avariada.

Sem maiores contratempos chegamos ao posto de gasolina próximo à UNIVALE. Essa parada foi para reagrupar os Meia, Uma e Duas Rodas. Enquanto os super atletas se preparam para imprimir, agora sim, um ritmo forte, os Meia Roda fazem alongamento e procuram desesperadamente pelo carro de apoio, metáfora da ambulância para os ateus e da Divina Providência para os religiosos.

Mau começou a nova largada e a nuvem compacta dos vaga-lumes vermelhos deu a última grande revoada. A dança do acasalamento havia acabado. Agora era cada um pra si. Quem pode, pó, quem não pode, pedra! Eu, o Cristian da Dígitros e o speed Ricardo, ex-atleta que integrou a equipe do Della Giustina no passado, pedalamos vários quilômetros juntos. Mas na subida amaldiçoávamos tanto o prefeito de São Pedro quanto o de Angelina pela ausência de teleféricos. A falta dessa infra-estrutura nos distanciava dos ciclistas de ponta e dos intermediários. Sem teleféricos, o jeito era parar de reclamar e pedalar, cada um no seu ritmo.

A cinco quilômetros de São Pedro encontro um trecho muito bom de asfalto. Pedalo sozinho na escuridão e não faço ideia de quantos ciclistas me passaram e de quantos ainda me passarão. Estou me sentindo muito bem e muito feliz por estar participando do evento. Despenco do morro abaixo a 45 Km/h. A temperatura está excelente e não me sinto cansado. Resolvo, então, abusar do meu condicionamento físico e imprimir um bom ritmo, certo de que o ponto de hidratação está próximo. Aos poucos vou alcançando e ultrapassando vários integrantes do Uma Roda. Sinto-me o Lance Armstrong nos Alpes Suíços, estraçalhando as pernas de meus adversários! Finalmente, alcanço um ciclista que pedala muito bem, mas que estava devagar, esperando um amigo que está mais atrás. Não demorou muito para que o amigo dele chegasse e grudasse em sua roda traseira. Eu vou na balada. Estamos pedalando a 35 Km/h na reta, o que pra mim é um feito inédito! O fato é que estou no vácuo, respeitando meu batimento cardíaco e controlando minha respiração. Como numa corrida de verdade, inclinávamos o corpo para frente a fim de cortar o vento e não perder velocidade. O passista era consistente e mesmo nas pequenas subidas daquele trecho ele não aliviava. Nos quinhentos metros finais que levam à praça não resisti a tentação e ultrapassei os dois num sprint sensacional! Quando parei de pedalar, São Pedro de Alcântara era a maior roda gigante que eu já vi! Todo o chão girava sob minhas pernas trêmulas e eu pensei: “Agora eu vou enfartar!” Encomendei meu corpo a Nossa Senhora de Lourdes e bebi um litro e meio de Gatorade de uma só vez!

Minha performance deve-se muito ao trabalho do mecânico da Ciclo Vil, que na véspera do tour fez um verdadeiro milagre na Epic que estou pedalando. Quando saí da loja, senti que tinha uma bicicleta na mão, tanto pelos refinados ajustes que foram feitos, quanto pela alta competência do serviço prestado. Depois da revisão a bicicleta ganhou muito em estabilidade e desempenho, passando a responder bem no asfalto, no barro e no paralelepípedo. Dos freios ao câmbio, dos raios ao cubo, dos pedais ao guidão, tudo passou a funcionar de forma segura e eficiente. Outro item que me deu bastante segurança foi o farol CATEYE HL-EL320, Made in Japan! Eu simplesmente vejo tudo a minha frente! Sou o sol da meia noite!

Recobrado o fôlego, estou partindo para Angelina acompanhado dos amigos Cristian e Luciano. Mas um incidente nos detém por um instante na praça de São Pedro: num exibicionismo descabido, um motoqueiro resolve empinar sua CG na frente da multidão, levando consigo a namorada adolescente na garupa. Ele se desequilibra, perde o controle e cai. A namorada está deitada na estrada, sem forças para levantar. Nervoso, ele a pega no colo e a leva para a calçada. Não ficamos para ver a gravidade dos ferimentos, mas foi possível ouvir os miolos da menina pensado: “O príncipe ainda virá. Esse motoqueiro idiota que tomei por namorado é apenas o cavalo!

Agora estamos girando os pedais em direção à montanha de barro, pedra e pó. Uma multidão de pessoas faz o trajeto a pé. Também os carros dividem a estrada, de forma que temos quatro veículos se acotovelando ao longo da romaria: o “Expresso Canelinha”, os automóveis, as CGs e as bicicletas. A subida é longa, mas quem sobe a montanha sente-se revigorado e, de certa forma, abençoado pela força da natureza, que nos espreita curiosa da copa das árvores. No “barzinho”, que dista aproximadamente 11 Km de Angelina, meu amigo Cristian é forçado a parar devido a fortes dores no joelho. O Luciano, mesmo com tendinite nos joelhos, sumiu nas alturas da montanha. Por isso estou escalando sozinho entre os romeiros. É um momento de superação. Não vou desistir!
Com a musculatura aquecida, a pedalada rende muito bem na subida, mas o ritmo é lento. E tome “vovozinha”! Reencontro Luciano sob a luz de um poste fazendo alongamento. Acho a idéia boa e começo a me alongar também. Nessa hora, o João, do Pedal Continente, passa pedalando forte, levando consigo outros integrantes do grupo. Subo imediatamente em minha bicicleta, na esperança de não ter que pedalar mais sozinho. No alto da montanha gelada encontro João, a namorada Samara e outros integrantes do grupo. Aos poucos, mais pessoas vão chegando: Carol, Rinaldo, mais uma menina que pedala muito bem (acho que é prima do João) e mais uma galera! O frio da serra esfria rapidamente nossos músculos. Depois de uns vinte minutos de espera, o grupo estava reunido novamente. Rinaldo puxa o grupo na descida, cumprimentando todas as pessoas que encontra pelo caminho.

Estamos agora na última subida. A situação é a seguinte: meus músculos estão exaustos e frios devido a parada no alto da montanha. Temendo uma câimbra decido caminhar um pouco em busca de um melhor aquecimento. Caminho por dez minutos apenas e já me sinto aquecido para pedalar outra vez. De repente, como um verdadeiro milagre, surge a minha frente o caminhão de apoio da Ciclo Vil. No ponto mais crítico da subida, agarro-me a ele com devoção por uns 200 metros. A Carol segue firme “puxando” o caminhão. E enquanto ela detona na subida penso no quanto as meninas que encararam os 54 Km são destemidas.

Carol, Samara e a “prima do João” (depois me digam o nome dela) obtêm um excelente desempenho! Elas não se queixam de coisa alguma. Essas meninas são tão guerreiras quanto as lendárias amazonas. Fortes e destemidas, encaram o desafio com graça e naturalidade. Elas deixaram na poeira muitos ciclistas que duvidaram que elas pudessem pedalar até o final. Fiquei bastante orgulhoso de fazer parte do grupo que elas pedalam. Aliás, tanto o Pedal Continente quanto o Floripa Bikers têm revelado mulheres fortes, velozes e muito corajosas!

A última montanha é vencida. Agora, basta despencar morro abaixo até Angelina. Na descida, kamikazes locais roubam a cena: montados em verdadeiros cavalos de aço, descem mais rápido que o corisco. Trata-se de bicicletas simples, mas muito resistentes, como a Barra Forte Circular. Imprudentes, chegam atingir mais de 40 Km/h desprovidos de buzinas ou faróis, um risco para qualquer coisa morta ou viva que ouse cruzar o caminho.

Desço lentamente, apreciando a cidade de colonização alemã. Milhares de devotos ocupam as ruas da cidade. Na gruta da santa, uma multidão agradece e pede proteção a Nossa Senhora de Lourdes. Exausto, penso num banho relaxante com sauna e hidromassagem. Amarro a bicicleta no caminhão e entro no vestiário do ginásio. Assim que levanto a tampa da privada fico sabendo que “matricularam o Robinho na natação” e dou descarga. Os três banheiros não têm portas e os chuveiros parecem querer eletrocutar o primeiro banhista metido a besta. O motorista da Van avisa que já são três horas e que o ginásio será fechado! Desespero! Troco rapidamente de roupa e entro todo suado na Van, que deveria sair pontualmente também às três. Mas o João Waldemiro está na fila da água santa da bica e devemos esperá-lo. Quarenta minutos depois ele chega contente por ter conseguido meio litro do líquido santo.

Às quatro e meia da manhã estamos de volta ao Cicles Hoffmann com nossas bikes imundas! Pedalo mais um quilômetro até chegar em casa. Debaixo do chuveiro, Angelina se despede mim e vai repousar na escuridão do ralo do banheiro. Deitado na cama relembro a imagem poética dos vaga-lumes vermelhos que voam para Angelina uma vez por ano. Da pedagogia desse voo noturno fica a lição de que na vida, quando voamos juntos, renova-se a esperança de um mundo melhor, onde valores como amizade, respeito e compreensão ganham novas cores. Também aprendi que amigos são como os vaga-lumes, seres que brilham quando tudo escurece.

Antes do “Tour Floripa-Angelina: 54 Km de pura emoção!”, eu não sabia orientar as almas aflitas que me pediam conselho sobre casar ou comprar uma bicicleta. Agora estou certo de que posso ajudar na resolução do problema: comprar duas bicicletas é a melhor solução! Afinal de contas, amar é pedalar juntos na doçura do mês de abril, ou no pôr-do-sol de qualquer estação!!!


Um grande abraço do prof. Charles.