quarta-feira, 14 de abril de 2010

OVNIs do Atlântico Sul




Terça-feira 13, nenhuma bruxa, 3 estrelas: Aninha, Simara e Raquel, a novata. Por que ficar em casa quando a coisa mais linda de se ver é a rua tomada por discos voadores? Na porta da única franquia de Oficina Marciana do planeta, a Ciclo Vil, o comandante João dá as últimas instruções de voo aos 27 ETs. Luzes piscando, pedivelas girando, alô, câmbio, vamos decolar!!!

Luciano “Jaspion” é orientado para não parar em Angelina. O plano de voo é outro! Luciano é um líder veloz e empolgado. Por isso, flutuamos atrás dele, que adora sacudir os OVNIs: esquerda, direita, esquinas e o Kobrasol vai ficando pra trás. Agora, ele mergulha no “túnel do tempo” e já deixamos voar a criança que somos na ladeira da marginal 101. Mas no primeiro posto à direita é preciso checar a lambança. E a coisa mais linda de se ver é um filhote de ET cuidando do outro: um comenta, um aprova, um concentra, um alerta, um alonga, um prevê, um fofoca. Um responde o que o outro ainda nem perguntou. Um descobre o nome de um bairro, outro pergunta “onde estou?”

No grito de “vambora!” os alienígenas alcançam Flor de Nápolis e voam em direção à UNIVALE, reagrupando num posto à esquerda. Em seguida, recomeça a viagem pirilâmpica pela escuridão do Sertão de Imaruí. Nesse ponto vamos ficando mais verdinhos devido ao esforço nas alturas. É sempre assim: Via Láctea, ácido lácteo! O frio provoca uma pane no “disco” da Raquel, a novata: um estalo estranho e era uma vez a propulsão dos pedais... E a coisa mais linda de se ver é uma mulher recolocar a corrente e sujar as mãos! Mais que um momento de superstar, é um momento de superação! Parabéns, menina!

Agora, no topo da montanha, é improvisado um aero-OVNI diante de um despacho gigante. A julgar pela montanha de cinzas e pelos ossos fumegantes, os terráqueos devem ter sacrificado a língua de uma sogra ou duas dúzias de dragões (dá no mesmo!). Estamos parados aqui porque o Comandante João acredita que quanto mais defumados ficarmos maior será a nossa proteção contra os buracos negros do universo. O impiedoso Marte, Deus da guerra, escuta nossos mantras de fofoca, enquanto inalamos dezenas de litros de fumaça. Depois de muita lágrima e muita tosse, deixamos o aero-OVNI queimar em silêncio sua fogueira protetora.

Estamos nesse instante sobrevoando as encostas da montanha cuja irregularidade do relevo contribui para fortes turbulências. Raquel, a novata, enfrenta outra pane, dessa vez no sistema de freios. Apavorada, comunica pelo rádio que não pode parar, perdendo altitude e ganhando velocidade. Luís, o suicida, ao arriscar uma manobra ousada para não aumentar ainda mais os problemas de Raquel, a novata, encontra uma parede ocre: kabruuuummmm!!!! E a coisa mais linda de se ver é um ET com a cabeça enterrada no barranco! As perninhas continuam pedalando no espaço sideral, mas ele não sai do lugar e seu oxigênio vai se esgotando rapidamente. Então, como um semáforo intergaláctico, Luís, o suicida, muda da alegria verde para uma agonia amarela, e teria sufocado numa tragédia vermelha se Gil e Marquinhos não o socorressem.

De volta à vida, a vítima lamenta ter perdido as antenas na crosta terrestre e danificado completamente a buzina espacial, objeto com o qual costumava saudar as marcianas que encontrava pelo caminho. Mas isso não é tudo. É preciso dizer que a cabeça do Luís, o suicida, sacudiu as terras catarinenses. No epicentro da explosão ficou uma imensa cratera. O impacto foi tão poderoso que chegou a romper o sistema de gasoduto na entrada da Palhoça. Ao passar por essa área de risco, muitos ETs se valeram do cheiro forte de gás que saía do vazamento para liberar seus próprios gases, deixando para trás a feijoada combustiva do meio-dia.

É com essa esquadrilha de gambás que estamos voejando praças e ruas da bucólica Palhoça. Após a Ponte de Imaruí a ordem é puxar o manche à direita. E a coisa mais linda de se ver é o balé dos discos voadores acompanhando as curvas sinuosas da Ponta de Baixo! Aninha, Simara e Raquel, a novata, aceleram forte, cometas flamejantes riscando o céu com energia feminina. Eu tento, então, uma fuga, mas Leandro, Gustavo, Beludo, Izoel, Alexandre, Luciano, Marquinho e muitos outros passam zunindo por mim. As luzes dos discos enchem meu coração de ternura e encanta os que estão à janela, embasbacados com o espetáculo. A velocidade alcançada pelos pilotos da ponta é vertiginosa. Adiante, após uma breve parada para reagrupar os OVNIs, lá vamos nós pelo Centro Histórico de São José, contagiados pela proeza das acrobacias! Ricardo, coração de leão, mergulha seu disco em direção à ciclovia de São José. O voo está prestes a terminar...

Já com as turbinas desligadas, deslizando suavemente pelas águas da baía josefense, converso com o substituto do mestre Rinaldo, o amigo Jairo. Ele assumiu o BOPE com muita competência, responsabilidade e empenho, cumprindo assim a missão de “patrulhar” os OVNIs desgarrados. Foi, sem dúvida, o disco voador mais iluminado da noite, pois não é nada fácil executar as tarefas do mestre Rinaldo, companheiro do qual sentimos muita falta.

Nosso passeio foi marcado por alguns reencontros. Raquel, a novata, reencontrou Aninha, sua parceira das aulas de Yôga. Eu reencontrei Marquinhos, amigo de infância que disputou comigo inúmeras partidas de futebol de botão, lá nos campos enlameados da rua José do Patrocínio. Sei que ontem aconteceram vários reencontros entre velhos e novos ETs. E a coisa mais linda de se ver é um grupo de amigos dividindo o voo da liberdade nessa nave revigorante a que chamamos de vida!

Muito obrigado a todos por tornarem eternas minhas terças noturnas!

Prof. Charles.

2 comentários:

Izoel disse...

Depois de praticamente dois meses afastado do grupo, volto e encontro além dos muitos companheiros de antigamente, outros novos e audazes bikers. Ficar um período longo afastado, denuncia o descuido da forma fisica, a falta de preparo é evidente. Graças aos antigos e novos companheiros. A satisfação de novos encontros alimentam o organismo com as saudáveis substâncias viciantes da atividade física. Somadas as novas e muito bem vindas amizades vamos construindo vínculos que nos transformam a cada dia em pessoas melhores. Obrigado aos ET'S e ETÉIAS.

Gustavo Silva (Pit) disse...

Parabéns Prof. Charles, realmente é uma viagem ler seus relatos eternizados com muita criatividade.

Abraço a todos!