Até a entrada para a Armação da Piedade, quando deixamos a perigosa BR 101 e passamos a curtir o silêncio dos verdes e dos azuis daquelas plagas, fomos em dois blocos. À frente, imprimindo um ritmo forte, pedalavam Sandro, Elyandro, Poletto, Alexandre e Rodrigo. Nas retas e nas descidas eu encostava nesse grupo, mas na subida o Sandro me sacaneava com sprints de 500 metros. A galera mais forte o acompanhava, mas eu e a Cruel somamos juntos 96 kg e isso é uma injustiça! Optei por pedalar ao lado de Wilian, Joaquim e Tereza.
O trecho que leva à Baía dos Golfinhos é magnífico: asfalto perfeito, poucos carros, pastagens, casas bucólicas e, é claro, mar azul.
Após o lanche fomos até o Restaurante do Fedo apreciar a praia da Fazenda da Armação, local paradisíaco.
Fui enfático ao falar da tal curva fechada à esquerda de quem desce. Por isso, até essa curva, todos desceram com muito cuidado. Depois foi só alegria. Enquanto a Alemanha goleava a Argentina, despencávamos das alturas na casa dos 80 km/h!!! Apenas o Joaquim não liberou os freios nem nas descidas nem nas subidas. O lema dele é “devagar e sempre”. Por isso, foi o último a descer.
Pegamos o vento a favor na BR 101. Sandro estava pronto para dar seu bote e sumir naquela imensidão de asfalto, mas eu falei no ouvido da Cruel: “siga aquele homem”. Ele começou devagar... a Cruel na roda. Porém, a cada clic da marcha que descia, a velocidade aumentava... a Cruel na roda. Quando Elyandro encostou, eu tinha certeza de que não iria suportar tanta velocidade, mas... a Cruel na roda! Os dois chegaram a abrir uns 200m, mas eu busquei na descida, momento em que eles descansavam. Fui embutido nos dois até o caldo de cana perto da Polícia Rodoviária. Nesse trecho, houve um momento em que o Wilian nos ultrapassou e abriu, mas minutos depois o ultrapassamos e ele ficou.
Quando Tereza e Joaquim chegaram nós já havíamos comido dois sacos de amendoim e a primeira rodada de caldo de cana estava saindo. A Alemanha marcava o quarto gol e o Maradona ficava sem mais nem Messi. O cansaço havia feito um grande estrago na aba inferior do meu pulmão esquerdo. Então, voltei tranquilamente tricotando com Tereza, pormenorizando os poréns da amizade.
Esses pouco mais de 80 km farei sempre que puder, pois é a união perfeita entre a resistência e a superação, entre a disposição e a sublimação, entre o azul do agora e o verde do futuro.
Prof. Charles.
Fotos de Wilian Belmonte
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