quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Relato do pedal a São Bonifácio 12/10/2010

 

Enquanto a manhã colocava a gargantilha de raios solares no pescoço do dia azul, os automóveis ajeitavam nossas bikes nas costas. Era uma cena diferente. Acostumadas a chegarem com os pneus no chão, as bicicletas chegavam flutuando! Talvez a leveza tenha sido a causa de nos demorarmos um pouco mais antes da partida.

 

Quando o comboio de nove veículos partiu em direção a São Bonifácio, a expectativa era grande, pois tínhamos uma equação difícil a resolver: eu, o Cássio e a Raquel somos tarados por asfalto; a Simara, o Cuquinha, o Nivaldo e o Rafael são tarados por estrada de chão, poeira e pó; o João é tarado por Café Colonial. Como resolver tal problema?! Assim que chegamos ao Posto Serramar, ao pé da serra, Nivaldo trouxe a solução: "tudo ao mesmo tempo agora!". Mal acabamos de atravessar uma torturante estrada de paralelepípedo e ganhar a maciez do asfalto, tivemos o prazer da travessia de uma pequena ponte pênsil: Huhuuu!!! O Ricardo e o Maurício passaram um sufoco danado em cima da ponte, mas passaram numa boa. Em seguida, veio uma estrada de brita e uma ladeira suave. Lá embaixo o rio cochichava uma prosa refrescante. Descemos a ladeira e ganhamos o asfalto.

 

Cerca de 2 km à frente, dobramos à direita, em direção a Cubatão. Nivaldo é o cara! Ele nos levou por uma estrada encantada: corredeiras, montanhas, plantações, gados, galinhas, tucanos, anus, gralhas, entre os sacis e as fadas! O que não contávamos era com os cachorros e com os borrachudos ferozes! E ninguém levou repelente! Por conta disso, o pedal que deveria ser num ritmo "médio prazeroso" foi ficando "ofegante lacrimoso". Tudo ia muito bem até que a montanha foi a Maomé! Uma ladeira comprida e íngreme promoveu a um só tempo a alegria dos Kveiras e o desespero dos Costelas! Mas o visual era incrível e valeu cada gota de suor!!! Os Costelas ficaram ainda mais suados quando os Kveiras João e Rodrigo resolveram descer e subir a ladeira duas vezes para um treino um pouco mais forte!

 

No topo do Himalaia havia duas placas: à direita, retorno ao asfalto, o que nos deixaria cerca de 25 km do ponto de partida. À esquerda, desceríamos a São Bonifácio, o que elevaria a quilometragem de volta para 34 km, pois alcançaríamos o centro da cidade. Decidimos pegar à direita não apenas para encurtar o trajeto, mas para despencar do alto da montanha por uma estrada feita para mountain bike, uma descida alucinante! A bomba do Cássio vibrou tanto na descida que se partiu em duas. Foi uma descida nervosa, técnica, radical e revigorante! E viva o dia das crianças!!!

 

Assim que chegamos ao asfalto, uma lomba nos aguardava. Com as caramanholas vazias, a subida ficou mais difícil. Agrupamos no topo do morro e descemos um pouco até chegar à derradeira montanha de asfalto. Ali eu e a Cruel nos sentimos bem e ultrapassamos vários ciclistas, mas paramos junto ao carro de apoio para esperar o último agrupamento. Após essa pausa, subimos os 500m que faltavam e mergulhamos a mais de 70 km/h. A galera arrepiou geral!!!

 

O último trecho foi de pura descontração, com um merecido banho de rio! Dali, voltamos para o posto, pegamos nosso carro e tocamos até Rancho Queimado para o Café Colonial "do João"!!! Doces e salgados, vinho, cerveja e muita piada! Foi um dos melhores passeios que já fiz em grupo! Tudo foi perfeito!

 

Quero agradecer imensamente a todos que se fizeram presente nesse que foi meu último pedal no Sul do país. Sentirei muita saudade dos amigos que terei que deixar de conviver, mas a vida às vezes se parece com as águas dos rios: é preciso chegar ao mar! Quando forem a Brasília, levem suas bikes prum pedal no cerrado! Eu e a Cruel estaremos esperando por vocês! Mandarei notícias, sempre que possível!

 

Agradeço a vocês, meus amigos, por me proporcionarem conforto, aprendizado e alegria em todos os pedais.

 

Um grande abraço do prof. Charles.

 



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